Jardim da Salvação
Certa noite estava eu sentada no banco de um jardim colorido por flores diversas, a lua iluminava a penumbra deixando visíveis os mais imperceptíveis detalhes do lindo cenário, que de tão belo tinha ares de sobrenatural. Com frequência encontro com meu mestre neste local, às vezes com outros pupilos, outras tantas apenas eu e ele.
Nesta noite em especial o mestre me Narrou a historia de um velho pastor chamado Jacó, eu não estava muito feliz, pensei que seria bom prestar atenção, pois ouvi-lo é vivenciar cada palavra e eu estava desesperada por uma medida de paz.
com sua voz envolvente ele iniciou a Historia...
“Há muitos anos atrás, em uma época onde os homens acreditavam ser a ira divina causa dos fenômenos mais corriqueiros da natureza, existiu um velho pastor chamado Jacó, um homem sábio, trabalhador e acima de tudo, Generoso. Seu rebanho era abençoado e sua vida era próspera, o que lhe permitia sempre estender a mão a quem viesse lhe pedir ajuda.
O povo o chamava de “O grande Benfeitor”... E assim foi a vida deste homem durante muito tempo.
Jacó tinha muitos filhos, todos eles fortes e educados, alguns silenciavam diante a bondade do velho, outros concordavam, outros eram atrevidos o bastante para afrontá-lo em suas ordens de servi alguém que viesse a precisar. Mas Jacó não se importava; se Deus o abençoava com tanta Fartura, por que negar o pão a quem não tinha?
Sem aviso um grande mal aterrissou na vida de Jacó, sua criação morreu, as plantações e pastos secaram, a água acabou-se. Pela primeira vez Jacó e os seus viram-se diante a fome e as necessidades.
Todos Viraram as costas para Jacó e seu povo, até mesmo aqueles que comeram de seu prato nas horas de fome, estes se mudaram, ou, simplesmente comiam escondido os alimentos que conseguiam em outras terras. Ouve grande revolta na Família do velho pastor.
-Veja, de que adiantou tua bondade, hoje aqueles que comeram de teus manares e se serviu das peles de teus carneiros lhe viram as costas... -
Jacó fechava seus ouvidos aos dizeres de revolta de seus filhos, que diante a morte iminente mostravam-se destemperados.
Recolhia-se contrito no intimo de seu coração e rendia preces fervorosas aos altos céus, pedindo coisas que nem mesmo sua grande fé acredita ser possível, mas mesmo assim pedia, na mesma medida em que agradecia por ainda ter ar para respirar e pela pouca ajuda que alguns gratos lhe ofertavam.
Saltando na Historia...
Jacó recuperou seus bens perdidos, seu povo, seus filhos e os poucos animais que sobraram de seu rebanho se estabeleceram em terras férteis onde eram cercados por toda sorte de riquezas... “
Meu mestre suspirou profundamente, ergueu seus olhos para o céu que ostentava um grande disco de prata, com ar um tanto sonhador, depois de bom tempo de silencio continuou a narrar-me a Historia do Bondoso Pastor...
“ Em uma noite enluarada como está, Jacó já muito velho, estava reunido com seus filhos nas dependências externas de sua bela casa, quando um deles lhe indagou...
-Meu pai, na época da grande tormenta, não sentiu por nem um instante revolto por se ver em situação humilhante ao necessitar de ajuda?
O velho Jacó olhou surpreso para o Filho, o outro mais afoito aproveitando a pergunta do primeiro arrematou...
-Meu pai... Tu que somente ajudou, não achou injusta a época da grande tormenta?
Sério e firme, depois de breve silencio, Jacó retorceu de leve a face, ergueu as grossas e alvas sobrancelhas e disse...
-Não, Meus filhos, Por nem um momento sentir-me revoltado, ou, achei injustiça... Por vezes a dor é necessária; por mais que sejamos solidários às necessidades do próximo, temos que sentir na pele o que passa os sofredores.
Senti a fome doer em meu estomago, vi meu povo minguando, a água secando, a morte próxima perfumando o ar seco... Acreditem, o que mais me fez falta, foi um olhar solidário, quem sabe um abraço ou uma palavra de esperança, muitos me deram o pão, mas não fortificaram meu espírito... Na provação eu compreendi que Não fui de forma alguma generoso, pois matei a fome da carne, e abandonei na miséria dezenas de almas.
Os filhos de Jacó não compreenderam muito bem as palavras do pai. Um deles estava em pé debruçado no parapeito que rodeava os quintais altos, olhava a lua gigante e iluminada, perdido estava em seus pensamentos, mas ainda sim presente o bastante para ouvir os dizeres de Jacó.
O Jovem virou-se para seus irmãos e seu velho pai, caminhou para se juntar a eles, ao se aproximar disse em voz baixa, parecia não prestar atenção no que dizia, porque sua mente viajava em pensamentos que tão somente ele podia saber...
- Pai, quando vivi a grande tormenta de minha vida, meu coração olhou toda dor e toda humilhação como uma oportunidade ofertada à vida de recompensar-me por cada ato de bondade que pratiquei sob a verve de teu saber e de teus ensinamentos... E uma coisa sempre vibrou em meu peito, que justos não sofrem por pecados alheios... Todos que me estenderam a mão, quando passarem por suas grandes tormentas, pois todos passam um dia, irão receber a recompensa da vida, e nem que seja uma única mão, na hora da dor ofertará ajuda... Mas pobre são aqueles que abandonaram, no momento de suas tormentas a vida os recompensará devolvendo o que eles ofertaram... As costas ...”
Novamente o silencio imperava no Jardim, podia se ouvir somente o som de alguns grilos e alguns vagalumes que passavam velozes e acesos próximo de nossos ouvidos. Diante o constrangedor momento resolvi falar.
-E então... Qual a Moral?
O mestre tirou sua atenção da Lua e olhou profundamente em meus olhos depois de um breve sorrir me respondeu...
-Moral?
A moral ficará hoje por teu critério, necessitas aprender a pensar... Sei que irás sorver o melhor desta historia.
Agora quem olhava a lua era eu, sim, eu havia compreendido, voltei a olhar para o mestre, mas não senti a necessidade de lhe dizer nada, ele sabia que eu compreenderia, e eu sabia que ele sabia...
- Mestre...
-Sim...
-Qual o nome deste Jardim?
Olhando-me de soslaio, mostrando que como eu nunca havia se preocupado em saber o nome do Jardim ele me falou um tanto intrigado.
-Não sei... Não me lembro se tem um nome...
Respirei fundo e falei...
-Bom, então darei um nome... Giardino della Salvezza.
Olhei para ele e não me surpreendi com a sonora gargalhada que invadiu a noite enluarada...
-hahahahahaha... Oh Deus, como és sem talento para dar nomes!
Acredito que as pessoas se sentirão mais a vontade, se for simplesmente, Jardim da Salvação!
Nesta noite em especial o mestre me Narrou a historia de um velho pastor chamado Jacó, eu não estava muito feliz, pensei que seria bom prestar atenção, pois ouvi-lo é vivenciar cada palavra e eu estava desesperada por uma medida de paz.
com sua voz envolvente ele iniciou a Historia...
“Há muitos anos atrás, em uma época onde os homens acreditavam ser a ira divina causa dos fenômenos mais corriqueiros da natureza, existiu um velho pastor chamado Jacó, um homem sábio, trabalhador e acima de tudo, Generoso. Seu rebanho era abençoado e sua vida era próspera, o que lhe permitia sempre estender a mão a quem viesse lhe pedir ajuda.
O povo o chamava de “O grande Benfeitor”... E assim foi a vida deste homem durante muito tempo.
Jacó tinha muitos filhos, todos eles fortes e educados, alguns silenciavam diante a bondade do velho, outros concordavam, outros eram atrevidos o bastante para afrontá-lo em suas ordens de servi alguém que viesse a precisar. Mas Jacó não se importava; se Deus o abençoava com tanta Fartura, por que negar o pão a quem não tinha?
Sem aviso um grande mal aterrissou na vida de Jacó, sua criação morreu, as plantações e pastos secaram, a água acabou-se. Pela primeira vez Jacó e os seus viram-se diante a fome e as necessidades.
Todos Viraram as costas para Jacó e seu povo, até mesmo aqueles que comeram de seu prato nas horas de fome, estes se mudaram, ou, simplesmente comiam escondido os alimentos que conseguiam em outras terras. Ouve grande revolta na Família do velho pastor.
-Veja, de que adiantou tua bondade, hoje aqueles que comeram de teus manares e se serviu das peles de teus carneiros lhe viram as costas... -
Jacó fechava seus ouvidos aos dizeres de revolta de seus filhos, que diante a morte iminente mostravam-se destemperados.
Recolhia-se contrito no intimo de seu coração e rendia preces fervorosas aos altos céus, pedindo coisas que nem mesmo sua grande fé acredita ser possível, mas mesmo assim pedia, na mesma medida em que agradecia por ainda ter ar para respirar e pela pouca ajuda que alguns gratos lhe ofertavam.
Saltando na Historia...
Jacó recuperou seus bens perdidos, seu povo, seus filhos e os poucos animais que sobraram de seu rebanho se estabeleceram em terras férteis onde eram cercados por toda sorte de riquezas... “
Meu mestre suspirou profundamente, ergueu seus olhos para o céu que ostentava um grande disco de prata, com ar um tanto sonhador, depois de bom tempo de silencio continuou a narrar-me a Historia do Bondoso Pastor...
“ Em uma noite enluarada como está, Jacó já muito velho, estava reunido com seus filhos nas dependências externas de sua bela casa, quando um deles lhe indagou...
-Meu pai, na época da grande tormenta, não sentiu por nem um instante revolto por se ver em situação humilhante ao necessitar de ajuda?
O velho Jacó olhou surpreso para o Filho, o outro mais afoito aproveitando a pergunta do primeiro arrematou...
-Meu pai... Tu que somente ajudou, não achou injusta a época da grande tormenta?
Sério e firme, depois de breve silencio, Jacó retorceu de leve a face, ergueu as grossas e alvas sobrancelhas e disse...
-Não, Meus filhos, Por nem um momento sentir-me revoltado, ou, achei injustiça... Por vezes a dor é necessária; por mais que sejamos solidários às necessidades do próximo, temos que sentir na pele o que passa os sofredores.
Senti a fome doer em meu estomago, vi meu povo minguando, a água secando, a morte próxima perfumando o ar seco... Acreditem, o que mais me fez falta, foi um olhar solidário, quem sabe um abraço ou uma palavra de esperança, muitos me deram o pão, mas não fortificaram meu espírito... Na provação eu compreendi que Não fui de forma alguma generoso, pois matei a fome da carne, e abandonei na miséria dezenas de almas.
Os filhos de Jacó não compreenderam muito bem as palavras do pai. Um deles estava em pé debruçado no parapeito que rodeava os quintais altos, olhava a lua gigante e iluminada, perdido estava em seus pensamentos, mas ainda sim presente o bastante para ouvir os dizeres de Jacó.
O Jovem virou-se para seus irmãos e seu velho pai, caminhou para se juntar a eles, ao se aproximar disse em voz baixa, parecia não prestar atenção no que dizia, porque sua mente viajava em pensamentos que tão somente ele podia saber...
- Pai, quando vivi a grande tormenta de minha vida, meu coração olhou toda dor e toda humilhação como uma oportunidade ofertada à vida de recompensar-me por cada ato de bondade que pratiquei sob a verve de teu saber e de teus ensinamentos... E uma coisa sempre vibrou em meu peito, que justos não sofrem por pecados alheios... Todos que me estenderam a mão, quando passarem por suas grandes tormentas, pois todos passam um dia, irão receber a recompensa da vida, e nem que seja uma única mão, na hora da dor ofertará ajuda... Mas pobre são aqueles que abandonaram, no momento de suas tormentas a vida os recompensará devolvendo o que eles ofertaram... As costas ...”
Novamente o silencio imperava no Jardim, podia se ouvir somente o som de alguns grilos e alguns vagalumes que passavam velozes e acesos próximo de nossos ouvidos. Diante o constrangedor momento resolvi falar.
-E então... Qual a Moral?
O mestre tirou sua atenção da Lua e olhou profundamente em meus olhos depois de um breve sorrir me respondeu...
-Moral?
A moral ficará hoje por teu critério, necessitas aprender a pensar... Sei que irás sorver o melhor desta historia.
Agora quem olhava a lua era eu, sim, eu havia compreendido, voltei a olhar para o mestre, mas não senti a necessidade de lhe dizer nada, ele sabia que eu compreenderia, e eu sabia que ele sabia...
- Mestre...
-Sim...
-Qual o nome deste Jardim?
Olhando-me de soslaio, mostrando que como eu nunca havia se preocupado em saber o nome do Jardim ele me falou um tanto intrigado.
-Não sei... Não me lembro se tem um nome...
Respirei fundo e falei...
-Bom, então darei um nome... Giardino della Salvezza.
Olhei para ele e não me surpreendi com a sonora gargalhada que invadiu a noite enluarada...
-hahahahahaha... Oh Deus, como és sem talento para dar nomes!
Acredito que as pessoas se sentirão mais a vontade, se for simplesmente, Jardim da Salvação!