Homenagem às mulheres que já sofreram violências, pelo Dia Internacional da Mulher, 8 de Março. Escrito por um homem, José Estanislau Filho e uma mulher, Luciana Vettorazzo Cappelli.
O Caldeirão da Bruxa.
O caldeirão fervia, e fervia, e a bruxa passava o tempo a por lenha no fogo e a voar pelo mundo em sua vassoura.
Não gostava muito de pisar em terra. Porém nessas aterrissagens o que mais fazia era coletar sementes. A intenção era que alguma delas fosse como a do pé de feijão de João, que crescesse tanto que a levasse ao céu.
Mas todas as sementes iam invariavelmente para o fogo. Desde que uma delas ao crescer com tantos cuidados virara um monstro que tentara assassiná-la por estrangulamento, não tivera mais coragem de deixar nenhuma se desenvolver.
...Um dia, sem que a bruxa esperasse, um GRÃO germinou.
A perceber que os ramos cresciam em direção ao céu, abandonou a velha vassoura e foi cuidar do pé de feijão, irrigando-o e o adubando com afinco.
Jogou fora o gorro, retirou a máscara de bruxa e desse dia em diante só pensava subir até a nuvem mais distante, para contemplar, lá do alto, como é linda e suprema a natureza.
E de bruxa, tornou-se fada.