O Sapo Falador parte II

depois você apareceu achei que estava na hora de conversar um pouco. Tenho estudado a forma de organização de sua sociedade, seus costumes e anualmente levamos as informações para outros sapos que as transmitem aos outros sapos e assim vai. Depois que peneiramos bastante tiramos alguns bons exemplos para nós e seguimos nossa vidinha molhada. Estamos procurando melhorar, ou melhor, organizar mais nossa estrutura social. Vimos que vocês têm presidente, ministros, governadores deputados e vereadores. Achamos em princípio que era uma coisa interessante, mas depois reparamos que era gente demais. Além disso, não lidamos com o dinheiro como vocês fazem, assim não precisamos de tanta gente ali fazendo de conta que querem servir a sociedade. Os nossos que estiverem em um sistema desses estará certamente para servir. Então é assim que fazemos, copiamos até certo ponto o que vocês têm de bom, o que não serve descartamos. Sua língua é o português, não achamos uma boa língua, cheia de ãos, achamos mais bonito o espanhol, mais cantável. Gostamos também do francês e principalmente do italiano. Porém, por causa dos sapos que moram no Brasil temos que dominar esse idioma. Achamos vocês um povo mais descontraído que outros que conhecemos, mas arre, são também muito desonestos e mentirosos. – Hora seu sapo convencido, respondi-lhe num ato de orgulho ferido. – Não se zangue – disse ele – é apenas uma constatação e esses defeitos não podemos tolerar entre os nossos. Gostamos também de alguns estilos de música de vocês, como o samba, o samba canção e a bossa nova. Alguns dos nossos até já vêm conseguindo mudar um pouco o coaxado, assim meio sincopado como faz o João Gilberto. – Eu disse então: Tem uma espécie de vocês aqui na chácara que assovia igual a gente. – É, aprendemos com vocês e para o mesmo fim. O fiu fiu para chamar a atenção das moças, não é? Achamos legal e assoviamos para atrair nossas pequenas, digo, nossas fêmeas. Mas ainda com relação á língua portuguesa, acho que tem muitos verbos, principalmente no passado, coisa que poderia ser mais reduzido. A dificuldade maior são as gírias que surgem a toda hora. Essa de ô Mané, já é, veio, e ainda por cima aqui no estado de minas ainda comem as palavras pela metade e ainda as emendam com a seguinte: Massatomate, dentapia, dibadacama, nosinhora, uma loucura. Agora vou dizer uma coisa que nos incomoda demais vindo de vocês, quando chamam o Lula de “Sapo barbudo”, caramba é demais. Não somos feios daquele jeito nem gostamos de mentiras. Criamos um fórum para julgar os casos incomuns que podem acontecer entre os nossos. Antes disso vimos como funcionam os de vocês e para que realmente viesse funcionar invertemos muitas coisas, ou melhor seguimos as regras criadas e tudo funciona maravilhosamente bem. Na verdade não poderia dizer que temos leis, mas regulamentos que nos orientam quando estamos em duvida em determinado procedimento. Isso facilita a vida do indivíduo bem como do coletivo. Acredito que leis são criadas para mentes inconscientes e que precisam da repressão para andar dentro dos limites. Assim é com a natureza, basta lhe observar e ela é sua ...

Carlos A Funghi
Enviado por Carlos A Funghi em 01/03/2012
Código do texto: T3529508
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