O Sapo Falador parte I
Fora numa noite de chuva mansa e contínua que o descobri. Estava sentando na sala de casa lendo um artigo em uma revista semanal quando ouvi um barulho no alpendre da casa. Minha mulher estava cumprindo seu plantão no hospital e não havia mais ninguém além de mim em casa. Ouvi um barulho parecendo de voz humana no que me levantei e fui verificar se haviam me chamado, talvez algum vizinho em algum tipo de apuro, já que vivemos em um condomínio distante da cidade e, pensei, podem ter chamado. Acendi as luzes e firmando as vistas não pude divisar ninguém. Voltei achando que teria sido somente uma impressão e quando ia passar pela porta da sala alguém falou: - Puxa vida, está tão úmido aqui fora, porque não me convida para entrar? Dessa vez um forte calafrio correu pela espinha com se tivesse tomado um choque. Em milésimos de segundo pensei em alma penada, espíritos e toda a sorte de coisas sobrenaturais. Ainda assim apesar do choque me virei rapidamente para trás e não vi ninguém. A essa altura a garganta já estava seca e a adrenalina já deixando seu gosto na boca. Foi quando escutei novamente:- Olá grandão, estou aqui embaixo, psiu, oi cara! Eu não podia acreditar no que estava vendo ou acreditava estar vendo, um sapo falando! Não havia bebido nada, não passava por nenhum tratamento psíquico, mas aquilo era uma alucinação, só podia ser. – E aí, posso entrar ou não? Não tenha medo de mim, sou apenas um sapo. Sei falar como você, mas isso é outra história. Fui entrando meio bambo pela sala e o danado sem ser convidado entrou atrás de mim. Sentei em uma cadeira a uma distância de uns três metros mais ou menos e fiquei quase em estado de choque olhando aquele bicho ali me encarando, quando ele tornou novamente: - Não se assuste comigo, vou lhe contar porque falo. Minha espécie como todas as outras evolui paralelamente à evolução de vocês. As formigas as baratas as aranhas e todos os outros seres vivos também vêm em constante mudança se adaptando ao meio que também está sempre evoluindo. Não somos os mesmos seres que éramos há mil anos, se assim o fosse já teríamos desaparecido como muitos que não se adaptaram às constantes mudanças. A minha espécie vem caminhando e nessa caminhada vamos observando vocês humanos que são mais inteligentes, têm um cérebro maior, etc. Alguns de nós, como é o meu caso ainda foi mais à frente e nascemos como uma missão que é a de estudar vocês e passar determinadas informações aos de nossa espécie. Foi um trabalho árduo que os nossos pioneiros começaram a desenvolver há centenas e centenas de anos e poder entrar na freqüência mental dos humanos e entender o seu processo. Os poucos que conseguiram fazê-lo transmitiram geneticamente essa possibilidade e por isso eu estou aqui a conversar com você. Foi então que pela primeira vez pude dominar meu nervosismo e emitir algumas palavras: mas é inacreditável, foi o que me saiu. – Sim – respondeu o danado – mas uma realidade. E o que você quer de mim? – Bem, como vi a luz acessa e...