A PERFEIÇÃO

Um mestre em artes marciais chamou seus dois melhores alunos, que ele carinhosamente chamava-os de primeiro e segundo, para saber se eles haviam alcançado a perfeição.

Prostrou os dois de costas para dois alvos, os municiou com lanças e lhes disse: “Ao meu sinal, virem-se o mais rápido que puderem e tentem acerta o seu respectivo alvo”. “Aquele que atingir o centro do alvo terá alcançado a perfeição”.

O mestre buscou dois pratos de porcelana cuja estima era de conhecimento dos alunos e os pendurou no centro de cada alvo a ser atingido pelos discípulos, sem que eles soubessem, dando-lhes o sinal para arremessar as lanças.

O primeiro não arremessou a lança no alvo, deixando-a perfilada ao seu corpo em posição de guarda. O segundo arremessou acertando um dos estimados pratos de porcelana do mestre e, consequentemente, acertando o centro do alvo.

O mestre se dirigiu ao primeiro e perguntou-lhe: “Não arremessaste a tua lança. Tiveste dúvida”?

O primeiro respondeu: “Não mestre. Neste curto espaço de tempo pude observar o seu estimado prato em frente ao alvo e contive o arremesso, pois tinha certeza que acertaria o alvo e quebraria o prato que tanto o senhor estima”.

O mestre insiste com ele: “Não te arrependes de não ter provado que o acertaria”?

A que o discípulo respondeu: “Não, basta-me a minha certeza”.

O mestre volta-se para o segundo e lhe pergunta: “Não viste o meu estimado prato”?

O Segundo responde de pronto: “Vi, mas queria mostrar-lhe que eu poderia acertar o centro do alvo”.

E o mestre insiste: “Não te arrependes de ter quebrado meu estimado prato, para isso”?

E o segundo responde novamente de pronto: “Não”.

O mestre sorrir. Baixa a cabeça, e ensaia a sua saída.

Os discípulos correm em sua direção lhe perguntando qual deles havia alcançado a perfeição.

O sábio mestre volta-se e lhes responde: “Hoje, ambos. Pois, a perfeição é saber se posicionar em não ter dúvida e não padecer do arrependimento. Lembrando que ela, também, não é uma constância, necessitando de treinamento, manutenção. Eu, por exemplo, hoje não fui perfeito, pois, ganhei dois mestres, mas perdi um estimado prato”.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 18/02/2012
Reeditado em 26/12/2014
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