A GOTINHA E A SAMAMBAIA

Numa pequena margem de um rio a folha de uma samambaia sentiu um pequeno peso sobre ela, e começou a sacudir-se para ver se caia, ouvio algo e resolveu ficar quietinha para ouvir melhor, e no silencio total, ouviu uns gemidos sobre sua folhagem, arriscou a perguntar:

_ Tem alguém aí? Se tem quem é?

Uma vozinha chorosa respondeu:

_Sou eu dona samambaia, o que sobrou do rio.

_ Como assim voçê quer me convecer de que o rio esta sobre minha folha tão pequenina? Aquele enorme rio, onde os barcos passam, os peixes e plantas vivem? Aquele rio que me afogaria inteira? Não acredito. Devo estar sonhando.

A gotinha respondeu:

_Não, voÇê não está sonhando, é isso mesmo, eu fui enorme, alimentei muita gente, transportei pessoas, alimentei as vidas que sobreviviam na água como os peixes e plantas, servi de abastecimento de água a familias inteiras por muitos anos, além de refrescar o meio ambiente, porém hoje um grupo de "humanos" resolveu me destruir, minha utilidade não será mais a mesma, uma parte de mim foi desviada e nesse lado da cidade nos transformamos em gotas e eu estou aqui solitária e logo deixarei de existir, pois o rio quando separado em gotas já não é mais um rio e tem pouca serventia e vida, por isso lhe peço que permaneça quietinha por que se eu cair na terra agora já morrerei e eu gostaria de viver um pouco mais.

A samambaia entristeceu se e logo falou:

_ É lamentável gotinha pois eu também morrerei, pois minha vida aqui dependia de voçê que humidecia a margem e me alimentava, agora também estarei morta daqui uns dias, mais ficarei quietinha para que sobrevivamos o maior tempo possível.

Assim a samanbaia e a gotinha permaneceram até secarem e findarem suas vidas.

Carmem Lacerda
Enviado por Carmem Lacerda em 27/01/2012
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