A Girafa e o Cordeiro
Era uma vez uma girafa que, por desobediência às leis naturais, misturou-se a uma manada de bois e, ao longo das gerações futuras, acabou perdendo sua identidade de girafa devido ao convívio diário com os ruminantes.
A girafa tinha dificuldade para pastar devido ao tamanho do pescoço e jamais conseguiu posição de destaque porque seu jeito desengonçado não a tornava apta ante os olhos da manada, que a tolerava, mas não deixava de passar por cima caso caísse.
E assim vivia a girafa, forçando o pescoço a manter-se ereto junto ao chão. Essa posição a incomodava, porém aprendera a viver desse jeito desde que viera ao mundo, seus pais viviam assim, seus avós...
Certo dia, após anos de sofrimento para manter a cabeça baixa como exigia a manada, a girafa percebeu um cordeiro andando ao seu lado.
---- Que faz aqui, pequenino? - perguntou ela
---- Faz tempo que caminho ao seu lado e não me nota. Vim para alertá-la de que segue uma trilha errada.
Um boi que ouvia a conversa, berrou:
---- Amiga girafa, não dê atenção a esse cordeiro, ele é louco, não existe o mundo que ele prega, continue andando em frente, esse é o verdadeiro sentido da vida: nascer – pastar – crescer – procriar – envelhecer e morrer.
A girafa olhou assustada para o cordeiro, que tentou empurrar seu pescoço para cima.
---- Pare! O que está tentando fazer? Vai me machucar. - relutou a girafa.
---- Levante esse pescoço se quer uma vida plena – insistiu o cordeiro – Ouse olhar por cima da manada.
A girafa até tentou, mas os anos mantendo o pescoço junto ao chão foi mais forte, não tinha forças para endireitá-lo.
--- Não consigo, essa é minha natureza. - disse a girafa.
--- Sua natureza é ser livre. Depende só de você tomar a iniciativa de me obedecer. Ou continua com o pescoço abaixado para o resto de sua vida ou tenta superar a dor para endireitá-lo.
A girafa tentou, tentou, mas o esforço foi em vão, até que teve a sensatez de pedir ao cordeiro para ajudá-la. Ele então, pegando um galho de árvore, colocou embaixo do pescoço e forçou para cima, destravando a amarra que a manada tinha imposto à girafa.
---- Nossa! - disse a girafa estupefata pelo novo horizonte que se abria – Que mundo é esse?
---- Esse mundo sempre esteve aqui, mas você estava tão acostumada a olhar a vida do ângulo da manada, limitado-se as necessidades diárias que não conseguia enxergar. - respondeu o cordeiro.
A girafa sentiu a brisa, ouviu sons que antes eram sufocados pelo pisar dos bois, sempre apressados. Conseguiu olhar por cima dos seus companheiros e percebeu a existência de um precipício não muito longe. Tentou avisar a manada, mas ela riu.
---- Mais um que ficou louco. - disseram os bois – Esse cordeiro tem que ser banido do grupo.
E o fizeram a fortes chifradas.
A girafa ficou horrorizada com a atitude dos bois, que sempre foram mansos e sentiu-se meio sem rumo, não sabendo se continuava na manada ou saia dali, para um destino incerto. Então, viu novamente o precipício a frente e o cordeiro acenando de uma planície verdejante.
---- Venha girafa, não tenha medo, estou com você! - disse o cordeiro.
Aquelas palavras atingiram a alma da girafa - não estava mais sozinha no mundo. Ousou sair do grupo e caminhar em direção a liberdade tão merecida, recuperando sua identidade de girafa e passando a viver em plenitude junto aos de sua espécie.
Não viu mais o cordeiro saltitando pela planície, mas podia sentir sua presença invisível, sabia que podia contar com ele sempre que precisasse...
Era uma vez uma girafa que, por desobediência às leis naturais, misturou-se a uma manada de bois e, ao longo das gerações futuras, acabou perdendo sua identidade de girafa devido ao convívio diário com os ruminantes.
A girafa tinha dificuldade para pastar devido ao tamanho do pescoço e jamais conseguiu posição de destaque porque seu jeito desengonçado não a tornava apta ante os olhos da manada, que a tolerava, mas não deixava de passar por cima caso caísse.
E assim vivia a girafa, forçando o pescoço a manter-se ereto junto ao chão. Essa posição a incomodava, porém aprendera a viver desse jeito desde que viera ao mundo, seus pais viviam assim, seus avós...
Certo dia, após anos de sofrimento para manter a cabeça baixa como exigia a manada, a girafa percebeu um cordeiro andando ao seu lado.
---- Que faz aqui, pequenino? - perguntou ela
---- Faz tempo que caminho ao seu lado e não me nota. Vim para alertá-la de que segue uma trilha errada.
Um boi que ouvia a conversa, berrou:
---- Amiga girafa, não dê atenção a esse cordeiro, ele é louco, não existe o mundo que ele prega, continue andando em frente, esse é o verdadeiro sentido da vida: nascer – pastar – crescer – procriar – envelhecer e morrer.
A girafa olhou assustada para o cordeiro, que tentou empurrar seu pescoço para cima.
---- Pare! O que está tentando fazer? Vai me machucar. - relutou a girafa.
---- Levante esse pescoço se quer uma vida plena – insistiu o cordeiro – Ouse olhar por cima da manada.
A girafa até tentou, mas os anos mantendo o pescoço junto ao chão foi mais forte, não tinha forças para endireitá-lo.
--- Não consigo, essa é minha natureza. - disse a girafa.
--- Sua natureza é ser livre. Depende só de você tomar a iniciativa de me obedecer. Ou continua com o pescoço abaixado para o resto de sua vida ou tenta superar a dor para endireitá-lo.
A girafa tentou, tentou, mas o esforço foi em vão, até que teve a sensatez de pedir ao cordeiro para ajudá-la. Ele então, pegando um galho de árvore, colocou embaixo do pescoço e forçou para cima, destravando a amarra que a manada tinha imposto à girafa.
---- Nossa! - disse a girafa estupefata pelo novo horizonte que se abria – Que mundo é esse?
---- Esse mundo sempre esteve aqui, mas você estava tão acostumada a olhar a vida do ângulo da manada, limitado-se as necessidades diárias que não conseguia enxergar. - respondeu o cordeiro.
A girafa sentiu a brisa, ouviu sons que antes eram sufocados pelo pisar dos bois, sempre apressados. Conseguiu olhar por cima dos seus companheiros e percebeu a existência de um precipício não muito longe. Tentou avisar a manada, mas ela riu.
---- Mais um que ficou louco. - disseram os bois – Esse cordeiro tem que ser banido do grupo.
E o fizeram a fortes chifradas.
A girafa ficou horrorizada com a atitude dos bois, que sempre foram mansos e sentiu-se meio sem rumo, não sabendo se continuava na manada ou saia dali, para um destino incerto. Então, viu novamente o precipício a frente e o cordeiro acenando de uma planície verdejante.
---- Venha girafa, não tenha medo, estou com você! - disse o cordeiro.
Aquelas palavras atingiram a alma da girafa - não estava mais sozinha no mundo. Ousou sair do grupo e caminhar em direção a liberdade tão merecida, recuperando sua identidade de girafa e passando a viver em plenitude junto aos de sua espécie.
Não viu mais o cordeiro saltitando pela planície, mas podia sentir sua presença invisível, sabia que podia contar com ele sempre que precisasse...