A menina e a raposa
(Menina) Querida raposa sob que auspício subjaz o amor e a vontade?
(Raposa) Doce menina o amor é uma sensação quente parecida com o fogo que aquece e espanta as trevas. Tão forte que tudo consome, tão frágil que uma lágrima é capaz de apagá-lo.
(Menina) Então foi isso! Ontem chorei, chorei como se fosse chuva, oscilei como se fosse vento, não consegui sentir o sol...
(Raposa) Pobre menina, agora hás de ficar mais esperta. O amor é também lenha, as vezes guarda brasas que as chuvas não conseguem enxergar. Não temas a escuridão, nada é completamente teu, nem essa escuridão que te faz tatear como um cego, nem esse amor que te consome, e tudo é teu no momento em que imaginas que estejam em tuas mãos. Enquanto dormes tanto o amor quanto a escuridão, tornam-se andarilhos, escorrendo pelo silêncio de tudo o que nunca dizes...
Então a menina corre, deixando para trás a raposa e suas fabulosas palavras, entregando as, conselhos e os olhos da raposa ao universo pagão.