O Poetinha de Merda

Era uma vez uma rapazinho que julgava-se o melhor poeta do reino. Declamava suas poesias no meio da praça, em alto e bom som para quem quer que quisesse ouvir, e ouvintes não lhe faltavam, afinal mesmo sendo nítido o fato dele pegar suas rimas no GRANDE DICIONÁRIO DE RIMAS PRONTAS, sabia florear bem seus textos vazios (agradáveis de se ouvir mas, ainda assim,vazios). Falava de amor sem nunca ter amado, de solidão sem nunca ter ficado desamparado um minuto sequer em sua vida, de religião sem nunca ter realmente sentido a presença divina ao seu lado e por aí ia...

Um belo dia resolveu inscrever-se no duelo de poesias, cujo prêmio era uma caixa mágica misteriosa. Como os jurados também não entendiam bulhufas de poesia, nosso herói acabou faturando o primeiro lugar.

Apanhou a caixa em mãos com o poeta ancião, que a anos deixara de participar do júri das poesias. Ele o advertiu que por ser uma caixa mágica (cujo conteúdo variava conforme quem a destampasse) era melhor abri-la sozinho em casa, e foi o que ele fez. Para seu espanto estava vazia. Devolveu a caixa proferindo impropérios e voltou para seus escritos.

Uma criança, que acompanhara a cena toda, surpreendeu-se quando viu o velho poeta dar uma espiada dentro da caixa e sorrir enquanto o conteúdo da mesma cintilava lá dentro, de onde também saíam lindos pássaros cantantes e borboletas coloridas.

Betaldi
Enviado por Betaldi em 31/08/2011
Código do texto: T3193332
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