Os pássaros do meu coração.

 

 

Saímos de férias.

 

 Os passarinhos ficaram em suas gaiolas. Uma rolinha, de um lado. E um bem-te-vi, amarelinho, amarelinho, de outro. O lindo gato branco, angorá de longos pelos, meu encanto, ficou para tomar conta da casa.

 

Passamos tempo fora.

 

Quando voltamos as plantas tinham crescido tanto, que  o quintal era  floresta  onde apenas com dificuldade se podia andar. No meio da direita onde  o tanque era antes dei com o passarinho rolinha abrindo o bico de tanta sede. Um longo e fino bico, que havia se desenvolvido  de tanta água ele pedir. Não podia  - correr – para pegar água  na cozinha. Às cegas caminhei. E numa tampa de geléia pus água do filtro, já que a torneira estava seca. Estranho que houvessem tantos canos estourados pelo quintal. Entre os PVCs jogados rente ao muro , meu gato. Não , decididamente meu não mais. Tão branco, porém inexistente da cintura para baixo. Algo que olhava fixamente para um ponto qualquer.

 

Que cuidassem do amarelinho, eu só tinha condições de tentar salvar o passarinho rolinha. Atravessei o muro e enfiei a cabeça dele numa torneira que o professor de física ( ou seria química?) um estranho desconhecido e solidário fazia experiências. Ele abria o bico quando o afastava. Queria mais e mais água.

 

Fomos parar num apartamento exíguo, salica mínima, quarto, um  micro banheiro da hora, cozinha não vi. No sofá havia um homem, rosto e jeito mistura, de até então dois amigos meus. Procurei a janela, abri, eu  buscava ar, muito ar.  Ele apagou todas as luzes e deixou apenas a do quarto bem acesa.

 

Só que  então eu já havia salvado o passarinho rolinha. Cheia de coragem chamei aquele homem de óbvio. De medíocre.

 

E saí.

luciana vettorazzo cappelli
Enviado por luciana vettorazzo cappelli em 12/08/2011
Reeditado em 12/08/2011
Código do texto: T3156636