O Valor da Vida

_ Eu te disse que nunca daria certo.

_ Mas não fui eu a culpada.

_ Sim, eu sei, a culpa é sempre minha. Estou cansado de você ser sempre a vítima.

_ Nunca falei que estou sempre certa, pelo contrário, você sabe muito bem como que eu sou.

_ Sei até demais, e é por isso que não te quero mais!

_ Me dê mais uma chance? Prometo que não mais se repetirá.

_ E não é a culpada, né?

_ Não fui eu a culpada mesmo, aconteceu, nem sei por que fiz aquilo novamente, estava fora de mim. Eu o amo!

_ Pare com este drama, sua mãe sempre me disse que me arrependeria do dia em que a conheci, ela estava certa. Meu Deus, como pude ser tão tolo...?

Neste momento alguém bateu a porta, Ricardo interrompe a confusão e vai até a porta para abri-la, enquanto ele caminhava, Clara, aos prantos, vai à cozinha. Ricardo abre a porta, vê um moço com uma caixa vermelha, envolta com um laço dourado, em suas mãos.

_ Pois não?

_ Ricardo mora aqui?

_ Sou eu.

_ Tenho uma entrega para você, assine aqui, por favor?

Quando Ricardo pega o papel para assinar, escuta um grito vindo da cozinha.

_ O que foi isso? Indagou o entregador.

Ambos correram em direção de onde viera o grito, ao chegarem à cozinha, viram Clara estirada no chão com uma faca em seu peito.

_ O que você fez, querida? Por favor, não morra! Eu a amo! Disse Ricardo chorando e trêmulo.

_ Chame uma ambulância! Chame uma ambulância!

O entregador avistou um telefone à sua frente e ligou para emergência. Passado alguns minutos a ambulância chegou, porém já era tarde, encontrara Clara sem vida. Ricardo estava em estado de choque, não imaginara que aquela discussão resultaria na morte de sua esposa. Passado todos procedimentos legais, ele decidiu abrir à caixa, olhou dentro e viu que estava o seu cartão de crédito junto à uma carta, ambos em meio à pétalas vermelhas, pois Ricardo sempre quando chegava em sua casa, dava à esposa uma rosa vermelha.

Ricardo abre a carta e começa a lê-la:

Para o Amor da minha Vida...

Prometo me controlar nas compras, desculpe-me por gastar todo o nosso dinheiro, não sei o que acontece comigo, simplesmente não consigo me controlar. Minha mãe sempre me disse que eu era gastadeira e não tinha cura, mas ela nunca tentou me ajudar a sanar isso. Já com você me sinto diferente, sinto que posso controlar essa compulsão. Inclusive fui á um especialista semana retrasada, mas sei que é você quem será a minha cura.

Desculpe-me ontem por pegar seu cartão, mas só o peguei para te comprar este presente, isso mesmo, procure embaixo das pétalas.

Com amor, Clara.

Ao terminar de ler a carta, uma sensação de arrependimento tomou conta dele, ele que brigara sempre com a Clara por causa do sumiço de seus cartões, devido a compulsão consumista dela, agora reconhecera de que nenhum cartão a traria de volta. Ricardo então pegou a caixa novamente, e começou a procurar por entre as pétalas, quando de repente sentiu algo maciço por entre seus dedos, agarrou-o com a mão e o trouxe à tona, era um anel, quando o olhou por dentro, observou uma inscrição: Ricardo e Clara, amor eterno...

Fim...