FOTO DO ALTO DOS PIRINEUS - ACREDITE, EU ESTAVA LÁ

Imaginem como não foi chegarmos ao topo da montanha com cerca de 1380 metros e com umidade relativa do ar em torno dos 12%. Exaustos, mas, ver e sentir aquilo tudo valeu à pena.



AVENTURA EM PIRENÓPOLIS




Naquele ano o verão havia sido o mais quente de todos, a pouca umidade na região fazia com que as matas se queimassem com facilidade. Ora por conta da agressividade do tempo ora pela ganância de alguns espertos que atiravam fogo no mato. Sabiam os espertalhões que logo após o fogo como fênix, surgiam os brotos suculentos que iriam favorecer a alimentação de uma e outra cabeça de gado "criados soltos," naquela região.

Nos meses de abril a setembro (Período da seca) é claro que a umidade do ar torna-se cada vez menor, chegando algumas vezes a dez por cento, isso fazia com que o calor fosse sentido em proporções maiores do que realmente se apresentava e algumas dificuldades no respirar podiam vir acontecer.

Lá no planalto de Goiana numa cidade muito interessante chamada Pirenópolis, as noites se passavam agradáveis. A cidade nos finais de semana praticamente se juntava para saborear na rua do prazer, os quitutes e o famoso arroz de pequi de Dona Chiquinha.

Entretanto, os dias eram cansativos principalmente para aqueles que como eu,  estavam ali de passagem e por assim ser, se aventuravam em grandes andanças pelas trilhas do Parque da Serra dos Pireneus.

O dia estava ensolarado na cidade, várias eram as possibilidades de pequenas agências de turismo oferecerem passeios aos Altos Pireneus e foi numa dessas possibilidades que me inscrevi para tal aventura.

Entramos no jipe em número de seis. Era um jipe bastante confortável equipado para as mais diversas adversidades da região. O guia parecia o "Magaiver," conhecia tudo e dava para perceber de pronto que ele gostava muito do que fazia. Entrava pelas estradas de terra seca nos contando as histórias do lugar, mostrando uma e outra fruta silvestre que ainda resistia a todo aquele calor e seca.

Boa parte do verde se tornara pálida outra grande parte se havia transformado em cinzas e não era incomum ver uma e outra cabeça de gado deitadas como mortas estivessem, nas terras ainda com resto de fumaça do incêndio há pouco tempo ocorrido.

Foi logo depois dessas imagens que avistamos a fazenda Bom Sucesso, lá segundo "Magaiver," existia a cachoeira da Lagoa azul e depois daquele calor todo com tão pouca umidade no ar, a notícia de uma cachoeira caiu como sonho em nossas mentes.

A cachoeira não estava nos seus melhores tempos, a água não era tão exuberante como as que poderíamos avistar nos tempos das águas, mas assim mesmo, o lugar era lindo e aquele barulho de água caindo fazia com que o grupo se apressasse para entrar na água.

Todos pareciam muito felizes. Depois de nos refrescarmos bastante naquela água cristalina bateu em mim, a velha curiosidade logo que avistei uma pequena trilha e nela, fui caminhando. Andei talvez por uns quinze minutos mata a dentro, a medida que ia afastando da cachoeira aquela cena de mata queimada ia prevalecendo.

Alguns pássaros desesperados, pois as pedras e os galhos que restaram estavam ainda muito quentes impossibilitando-os de descansarem do vôo. Eu ia observando calmamente, quando num filete de água ao longe, percebi uma movimentação estranha. Junto com a movimentação ouvi também alguém gritando e me apressei para ver o que acontecia.

Foi logo depois do acotovelar da trilha que vi algo estranho rastejante da cor do fogo perseguindo alguém que parecia algum nativo. O homem apavorado gritava socorro... Socorro é o "Boitatá."...É o Boitatá! Corria em zig zag de modo a dificultar ser pego e naquele mato queimado pude vê-lo correndo por mais uns dois minutos.

Retorno assustado para me juntar ao grupo o "Magaiver," notando meu nervosismo pergunta o que havia acontecido. Estávamos preocupados disse ele, ouvimos ao longe uns gritos e não percebemos em qual direção procurar. Conto para o grupo o que havia visto e antes mesmo que eu acabasse o relato "Magaiver, " complementa: Isso só pode ser o "BOITATÁ."

Lembro-me que o Jonas que estava conosco indaga, Boitatá? Magaiver se poe de pé e relata que existiam boatos na região de um animal muito parecido com uma cobra gigante, que protege as matas de pessoas que se aproximam dela, com a intenção de queimá-la a seguir, pede que o grupo se junte que iríamos seguir caminho aos “Altos Pireneus.”

Lenda do Boitatá – O Boitatá fora avistado pela primeira vez pelo Padre Jose Anchieta por volta do ano de 1560 e descrito com uma enorme cobra de fogo que corria perseguindo aqueles que de alguma forma, pensavam prejudicar as florestas.

Cachoeira Bom Sucesso em Pirenópolis
http://www.youtube.com/watch?v=ZhIO3CegfY0&feature=related
 
Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 10/07/2011
Reeditado em 10/07/2011
Código do texto: T3086285
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