A SABEDORIA DE CADA UM.

CONTOS MÁGICOS 2

“As aventuras de Laura, uma borboleta mágica e de Serena, uma camaleoa contadora de histórias, continuam... Não deixe de conferir cada momento, reflexão, num mundo mágico, mostrando a realidade com muita fantasia e imaginação”

O autor - Rogério José Martinelli

A sabedoria de cada um...

O tempo nunca parava... as histórias sempre se renovavam e, em cada página virada, uma nova geração relembrava os entes queridos...

Laura e Serena, mais uma vez, divertiam-se no meio da bicharada...

Serena dizia aos pequeninos animais da floresta:

___ Vamos brincar de “a bola da vez.”?!

___ O que é isso, tia Serena? – quis saber a capivarinha, Leninha.

___ Calma, Leninha, é uma brincadeira muito jóia! Só que aqui, nós vamos trocar a palavra “bola” por “história”... e, então, como é que vai ser?!

___ A história da vez! – gritaram os pequeninos.

Laura antecipa-se e já quer contar a primeira historinha...

___ Laura, minha amiga, hoje vamos ouvir, atentamente, os pequeninos da floresta....

___ É você tem razão. Quem vai começar?!

___ Eu, tia Laura! Deixe-me contar a história de minha avó, a tucana Marieta!

___ Ótimo! Vamos lá! Conte-nos, Mirella!

___ Que bom, adoro contar as histórias de família! Vamos lá! Tudo começou mais ou menos assim...

“Marieta vivia na Terra dos tucanos... lá, minha avó era muito severa com a educação de seus tucaninhos aquarelados. Minha avó sempre dizia que naquele tempo, os tucaninhos nasciam com as cores bem clarinhas. O que definia as virtudes dos tucanos era o tom das cores já na vida adulta... Não tinham como esconder... quanto mais bondosos, mais vivas eram as cores e quando as ações não eram boas, mais aquareladas as cores ficavam. Como vocês podem ver ninguém queria ser aquarelado; àqueles que acabavam ficando nessa condição abriram processo de assédio moral, calúnia e difamação. Quando ganharam as ações, por força de lei, os aquarelados ganhavam cores vivas e maravilhosas pelo resto de suas vidas; não precisavam mais trabalhar pois o valor pago pelas indenizações e pela própria sociedade dos animais, mantinha-os numa confortável condição de vida. Com o passar dos anos, os aquarelados passaram a ser uma raridade e como todos era donos de penas supercoloridas, por força da lei, na Terra dos tucanos, a virtude deu lugar à descrença e avareza... Ninguém acreditava em mais ninguém.”

___ Puxa, tucaninha Mirella! Que história interessante... – disse Laura.

___ É boa mesmo, Mirella!

___ Ah, tia Serena! Você sabe que vovó Marieta sempre dizia que eram apenas histórias de seus antepassados!

___ É Mirella, contudo, é preciso entender de cores e aves para compreender bem essas coisas...

___ Muito bem! – continua, Serena – Quem conta agora?!

___ Eu, eu! – desespera-se a macaca, Carmela.

___ Calma, Carmela! Por que tanta agitação?! Qual é a sua “história da vez?!”

___ Ah, tia Serena! Você sabia que os macacos são os “micos” dos jogos de cartas! Tenho muita coisa pra falar...Vejamos:

“Na floresta de onde meus avós vieram, existia um macaquinho muito sapeca e que sempre falava na hora errada. Na escola da macacada, Mico era a sensação! A professora dizia à turma:

___ Silêncio, macacada! – Todos ficavam quietinhos e Mico, somente ele, cantava...

___ Mico, o que é isso?!

___ Música, professora!

___ Mas que mico, hein, Mico!

Era sempre assim...

___ Vamos macaquinhos! Hora de jogar bola!

E Mico estudava....

___ Vamos macaquinhos! Hora de recreio!

E Mico dormia...

___ Vamos macaquinhos! Hora de ir pra casa!

E Mico, que nada! Mais uma vez, cantava, saltava, pulava, rolava... dava gargalhadas! Com certeza, era o “mico” da vez!

O tempo passou... os macaquinhos cresceram, mas Mico foi sempre o mico da vez... dos jogos de azar, da conversa na roda de amigos e, até mico-leão-dourado ele virou! Se bobear, quando o assunto for extinção, só vão restar os “micos” das lembranças do povo.

___ Que triste, Carmela! Vou colocar meu fio mágico pra ajudar... Aonde mora este mico sei lá do que?!

___ Tia Laura! São somente histórias...

___ É Laura, o tempo não perdoa e não volta! O que devemos então fazer, pequeninos?!

___ Preservar! Cuidar! Não sermos o mico da vez! – bradaram os pequenos animais da floresta mágica.

___ Vocês têm toda a razão! Juntos, podemos mostrar sempre os melhores caminhos, vocês não acham?!

Assim..., como cada história tem seu tempo, cada pequenino se despediu dessa noite pensando em formas diferentes de passar adiante as lembranças de seus entes queridos, resgatando a magia de cada palavra a cada nova geração.