A VIDA COMO UM GRÃO DE AREIA

“As aventuras de Laura, uma borboleta mágica e de Serena, uma camaleoa contadora de histórias, continuam... Não deixe de conferir cada momento, reflexão, num mundo mágico, mostrando a realidade com muita fantasia e imaginação”

O autor de "Contos mágicos"- Rogério José Martinelli

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Laura estava feliz consigo mesma pela boa ação do dia... Havia utilizado seu fio mágico para realizar um desejo tão especial que as lembranças do momento umedeciam os pequeninos olhos da borboleta mágica e lágrimas saltitavam numa cadência ritmada, abençoando o gesto de Laura... A história tinha acontecido mais ou menos assim...

“Sempre que Laura se lembrava do mar, o que mais chamava sua atenção era o movimento das ondas requebrando na areia fina e macia, trazendo pequenos seres marinhos, conchinhas e minúsculos peixinhos prateados; num vai e vem constante, saudando a vida em abundância num planeta tão rico como esse! Laura jamais imaginaria encontrar qualquer tristeza neste cenário, maravilhosamente, modelado... contudo, ela estava errada; um pequenino grão de areia, na imensidão deste oceano, bradava a quatro cantos seu discurso melancólico de quem chegava ao desespero. Ele dizia ao mar que não era ninguém, um grão-ninguém, quem se importaria com um minúsculo grão de areia... um a mais, outro a menos... O mar, sim! Era o máximo!... Grão de areia, aos poucos foi ficando deprimido, triste... sentia-se o mais infeliz e minúsculo elemento desse planeta... como poderia sentir-se assim! Vivia num mar tão maravilhoso de águas salobras e cristalinas! Também! – refletia ele – ser um grão de areia! Por que não nascera uma baleia, um tubarão, uma águia bela e soberana?! Seres maiores impunham respeito... e, com certeza, não teriam tempo para pensar em coisas tristes... Enquanto pensava, pensava... uma doce voz dizia ao pequenino:

____ Olá! Tudo bem, pequenino grão de areia?!

____ Não me chame de pequenino! E, afinal de contas, quem é você?!

____ Sou a Laura, uma borboleta e seu anjo da guarda!

____ Laura!! Você é loira, tem asas e o que faz aqui?! E, ainda por cima, anjo de quê?!

____ Da guarda! Quero ajudá-lo!

____ Ajudar-me como Dona Borboleta?! Veja! Sou um grão-ninguém!

____ Você tem certeza de que não é ninguém?! Eu não estou aqui falando com você?! Vamos dizer que você é um Grão-quase-ninguém!

____ É, já soa um pouco melhor! Mas, como você me descobriu?!

____ Vamos dizer que um passarinho me contou... lá onde eu vivo, quando alguém está muito triste, há sempre alguém disposto a ajudar; levar um pouquinho de carinho e conforto.

____ Puxa, Laura! Deve ser muito bom viver num lugar assim...

____ Pequenino Grão-quase-ninguém preste muita atenção! Olhe a seu lado e imagine o quanto você é importante! Já pensou no mar sem areia?! Que coisa mais triste... as ondas não mais teriam a quem acariciar... e elas, a cada movimento, fazem um carinho em milhões de bichos, trazendo e levando grão de areia... Não é incrível! Fantástico!!

Grão-quase-ninguém começou a chorar, chorar... Laura depositou um majestoso fio dourado a sua frente e, na magia do momento, as lágrimas do pequenino grão transformavam-se em estrelas do mar... tão brilhantes que o majestoso mar parecia o céu em noite de luar...”

Assim, Laura adormecia mais uma vez, lembrando-se do pequenino grão de areia criador das estrelas do mar daquele planeta. Laura sabia que a grandeza não estava no tamanho de cada ser e, sim, na importância de cada gesto! Conta-se ainda que o pequeno grão de areia foi chamado, carinhosamente, de grão da felicidade!