COMADRE FULOZINHA

Chagaspires

A mitologia brasileira é repleta de seres que povoam nossos rios e matas, emprestando a cada lugar uma história diferente.

Iara, Saci Pererê, Caipora, Curupira, Cabra-cabriola, Negrinho do pastoreio, Pai do mato, Mapinguary, Cuca, Papafigo, Comadre fulozinha, Boitatá e tantos outros, fazem parte da crendice popular e enchem de espanto e causam medo as crianças de todo nosso Brasil.

Minha avó parte de mãe gostava de contar histórias e uma de suas prediletas era a lenda da Comadre fulozinha.

Dizia ela que era uma cabocla ou indiazinha que possuía cabelos compridos que cobriam todo o seu corpo.

Contam também alguns historiadores como Câmara Cascudo e Silvio Romero, que esses mitos nasceram da imaginação das pessoas e serviam para transmitir uma mensagem importante ou amedrontar.

Sempre à noite ou quando chovia, nossa avó nos levava até seu quarto e nos contava a história da comadre fulozinha.

Dizia ela que a cabocla era defensora da natureza e que perdia os caçadores e pescadores dentro da mata, livrando a caça e a pesca de serem apanhadas por eles, desorientando-os com seus assobios.

Gosta de receber presentes como: papa de mandioca, mel, fumo de rolo, caramelos que deveriam ser colocados ao pé de uma árvore.

Seu passatempo predileto é fazer tranças nas crinas dos cavalos, que ficam tão bem entrelaçadas que ninguém consegue desmanchar a não ser ela.

Surrava aqueles que colocassem pimenta em sua papa e muitas vezes, açoitava os cachorros que pertenciam a eles.

Aparece e desaparece sem deixar rastro, e sua presença é anunciada através de um assobio.

Certa vez lá nas matas de minha cidade(Camaragibe), eu e meu primo podemos perceber a sua presença quando nos aventuramos mata adentro ( ver o texto Aventura de Criança).

Minha avó sabia contar histórias como ninguém, fazendo os netinhos morrerem de tanto medo.

Até hoje, apesar da idade, ainda sinto um friozinho na barriga quando me recordo daquele episódio.

Fruto das histórias contadas pela vovó.