A Fracesinha e o Filho da Mãe...

Chegara na hora certa, o aniversário era da minha tia, o calor era insuportável, mal sentei-me, percebi que uma das minhas primas de segundo grau vinha servindo um refrigerante que de longe dava pra ver o véu de noiva que envolvia a garrafa..., ansioso? Não, mas aflito pra que a minha vez chegasse logo, isso eu não posso negar que estava, enquanto ela enchia o meu copo, seguiamos matando a saudade das lembranças de fatos que marcaram a época de infância entre eu e a mãe dela quando ela ainda era bebêzinha, nesse desinterrar de boas recordações, pude constatar cada detalhe que torneava a pintura das unhas dela, tudo delineamente bem traçado e harmonicamente dividido entre pedrinhas e florzinhas..., tão perfeito que não pude deixar de comentar:

- Com uma unha tão bonita assim, deve dar até pena de lavar a louça, lavar banheiro ou esfregar a cueca do marido na beirada do tanque antes de jogá-la na máquina..., qual é o segredo?

- Segredo? Que segredo? O segredo é colocar ele pra fazer, quem foi que disse que eu faço? Dizia ela sorrindo enquanto esbanjava um ar de felicidade, o filho por sua vez, que deveria ter uns quatro aninhos no máximo, agarrava-se em uma das pernas dela a procura de mais um copo de refrigerante...

Já o marido, infelizmente não conheci, ele não estava ao lado dela, e eu que sou homem e não sou bobo, nem me atrevi a perguntar pelo pai daquela criança, que nessa idade tem o Pai como um ídolo e que vive riscando os dias úteis do calendário a espera dos finais de semana pra jogar um futebolzinho e andar orgulhosamente pendurado nas costas do Pai... Certamente o cara deveria está indisposto, quem sabe um pouco cansado das tarefas que ela deixou pra ele fazer, mas isso não importa, o que importa mesmo é que ela voltará pra casa, e ele estará exatamente onde ela "imaginou" que ele estivesse...

A Mulher sábia edifica o seu lar, a tola o derruba com as suas próprias unhas.