O BRILHO DO VAGALUME
 



Em uma  dessas  noites quaisquer de verão,  um  Vaido
so vaga lume, sai a passear. Envaidecido  com o  brilho   
que exibia do seu pequenino corpo, mal  percebia o que
se passava a sua volta...
E assim seguia o Narciso, na trilha d’aquela Paixão, cris
talizada em si mesmo.!
Jamais  passaria   por  sua  órbita   estrábica  que  algu
ma outra resplandecência maior que a sua, pudesse  e
xistir por àquelas cercanias,  ou  mais  além.
Tomado de orgulhosa fatuidade,  fazia-se cego  para  o
seu lado frágil,  inseguro,  solitário,  que  assolava suas
noites vazias, perdidas na  escuridão  de  estradas  que
supunha até então, ter um norte...
Seus   vizinhos  mais próximos  o  viam  como  um bizar
ro  Grandioso  Sol  e  retraídos,  afastavam-se   temero
sos, tímidos na  presença  de  um  Astro  tão  Radiante!
Caminhava  assim  adormecido  numa  espécie  de   so
no  hipnótico,   enamorado   de  si   mesmo,   miserável
mente   solitáro, ensimesmado em   seus  pensamentos
claudicantes.
Quando a feroz  angústia  lhe  fechava às  janelas  das
emoções de sua Alma humana desacompanhada, in
dagava-se:
Porque tanta solidão me devasta o Íntimo?
E um   cortante  silêncio  lhe  escurecia  o  teto do seu
saber perturbado...
A soberba que tinha  de  si  mesmo  o  cegava  ao  pon
to de não  conseguir  compreender, que  a "causa  cau
sorum"   de   suas   prementes    dificuldades,   tinham   
origem dentro dele mesmo.
Contudo, a   natureza   sàbiamente  batia  insistente a
porta do  coração  dolorido  do   nosso  amiguinho  vai
doso e que  no arrastar de  um  tempo  impiedoso  (na
sua estreita visão  da  realidade),  estancava  paralisa
do  e nada sabia responder, a  tudo  aquilo  que  tinha
sabor de reflexiva introspecção...
Prosseguia   em   piruetas  e  rodopios,  indagando-se
confuso, qual a  razão  de   suas  tristezas  e   amargu
ras já que era dotado   do  brilho   mais   belo,  intenso 
e vigoroso que já se viu?
E a  ânsia  da  vida  que  não  para   de  se  inscrever,
chega  de  mansinho,  lhe  trazendo  em   meio  a   es
te torpor,  amorosamente  o   remédio,  a   oportunida
de para curar-se  deste  cárcere  de   ilusões  do  frio
lunar....
Até que um dia....
O seu dia se  achega  dadivosamente de  forma   sutil.
Ao sair no  sua noite fatídica,  para  os   passeios   no
turnos habituais,  após  as  várias  evoluções   luxurio
sas de costume,   motivo  de  causar  inveja  a outros 
insetos, (desejosos de tanta  luz, como  a dele),  sen
tiu-se atraído por uma forte claridade,  exato  na  sua
frente!...
Grita   completamente   transtornado   e   enraivecido:
Impossível!  Quem  se  atreve  a   exibir,   este   brilho
maior do que o meu?
Retrucava consigo  mesmo, em  cegueira  total  e   fu
rioso,  dirigia-se ràpidamente para  àquela  fonte   es
plendorosa  de   luz   tão   intrusa,  que  o   desafiava
com desrespeito a sua beleza única!
E...Vapt!... Eis  que  cai   n’uma  capciosa   armadilha.
É  que  bem   perto desta  forte  iluminação,   que  na
da mais  era  que   uma  lâmpada   de  150 w,  existia
uma imensa  teia,  linda  renda  tecida,   por  uma  ha
bilidosa aranha artesã,   onde   finalmente ,  fica   pre
so o nosso imprudente herói!
Inicialmente,   debate-se    muito   aflito,   sem obter
resultados  para   libertar-se    das   malhas   traiçoei
ras que o tragou sem piedade, nesta noite...
Passado  o  primeiro   momento   de  doloroso  impac
to, a  angústa  que  corta  suas  veias e a decepção
no mais profundo do seu  Ser, é reveladora  da   LUZ
mais  bela e  radiante,  neste  seu  beco  sem   saída.
Ao    deparar-se   agora,  prisioneiro  de   seus  faná
ticos e vãos  desejos  egoístas, de    arrogâncias,  lu
xúrias  e    auto-suficiências,  projetados   e materia
lizados   ali,  concretamente   naquela   teia   de ara
nha, não consegue mais  conter   as  lágrimas  senti
das que há  muito  espremia seu peito,  passa  a  ne
negar-se para a estrutura  assombrosa   que  povoa
sua psique e  ajoelhado,  quase  desfalecido,   Roga
ao seu SER, Perdão!...


Maria Alice Pinto
      12/12/2010
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
escribalice
Enviado por escribalice em 12/12/2010
Reeditado em 15/12/2010
Código do texto: T2667168
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