Quando uma só andorinha não faz verão





Durante a estação mais fria do ano, os passarinhos, daquela região, costumavam migrar sempre. Naquela tarde, avistou-se uma andorinha voando sozinha. Parecia desgarrada do seu bando. Havia saído dos fios que ligam os postes de energia da cidade e foi pousar na árvore mais verde que encontrara naquele local: o juazeiro.

Em seguida, outro pássaro, que fugia da chuva, juntou-se a ela. Logo mais, ambos já aquecidos pela calorosa folhagem, começaram a cantar maravilhas. Ela sentia-se tão bem acolhida, tão feliz, que não queria mais sair dali. E, juntos, descobriram que faziam uma bela parceria, a ponto de provocar uma tremenda algazarra com seus cantos...


Mais tarde, no entanto, o crepúsculo avançava, e eles precisavam cumprir seus destinos. Sob muita tristeza, tiveram que se separar. Ela pensava naquilo que os homens costumam dizer: “Uma andorinha só não faz verão.” Aquilo lhe parecia verdade. Embora, antes de se despedir, dissera, para o seu parceiro de canto, algo assim:
“Se uma andorinha só não faz, verão! Porém, quero que saibam todos os homens que, tu e eu, numa única tarde de inverno, fizemos toda uma primavera”.



(*) Imagens: Google.