A Fonte da Esperança
Um dia ela chorou e desistiu de tentar
Um dia ela partiu, sem querer continuar
A vida queimava intensa e dolorosamente
Desejava o sono eterno, tinha suicídio em mente
Mas um sábio a encontrou e lhe disse com prazer
O sofrimento não é eterno, venha comigo e vai ver
E subiram a montanha até o cume distante
Para a floresta encantada, onde chegaram num instante
Na clareira meio aberta, algo jazia encantador
Uma pequena fonte de pedra, cinzas como sua dor
- Entra nas águas claras, que tua dor desvanecerá!
Ela, descrente, pulou lá dentro, sem ao menos questionar
Num segundo milagroso, tudo desapareceu
E ela viu os pastos verdes, floridos em seu apogeu
Animais de todas as cores, criaturas do céu e do mar
Da beleza dos corais ao balé das aves no ar
Rios e montanhas, vales e desertos colossais
A beleza toda da Terra, espetáculos sem iguais
Viu a neve, os planetas, as estrelas em fulgor
Viu o sol, a poesia, viu a música e o amor
Sua alma se aqueceu, ela tinha compreendido
Estava de volta à montanha, o velho sábio havia sumido
Por muitos anos ela voltou, e outros também foram lá
Por gerações ela salvou vidas, graças a ela podiam sonhar
Há alguns anos estive lá e pude ver, para meu assombro
A floresta estava morta, e a fonte sob o escombro
Quando entrei nas águas negras, ela me mostrou sem sorte
Não belezas ou amores, só destruição e morte
Mares negros, céus cinzentos. Só tristezas e lamentos.
Guerras, fome, peste, destruição...
O destino desse mundo: só terror e condenação
Depois disso eu não voltei
A tristeza me dominou
Hoje pulo para a morte
Nossa fonte se secou.