Síndrome de Cinderela
Ai, Ai... Suspirei pelos cantos umas três vezes, lembrando dos beijos. Depois, mais umas quatro vezes olhando a foto para não esquecer do cheiro de pele. Ai, porque será que a sensação é de estar dentro de um conto de fadas? Realmente, mulher com paixonite aguda é mesmo lendária. Faz-se de um mero homem – o príncipe encantado e só depois de algum conto bem ou mal sucedido, é que se percebe a Síndrome de Cinderela.
Invencionice minha? Acho que não. Vivo rodeada de mulheres que sentem seu coração roubado, por um príncipe cheio de princípios e um só principado – a sedução por todas as suas emoções e razões. Só que mais engraçado que imaginar um molho de chave de mulheres trancafiadas num calabouço porque tiveram seus corações assaltados, é ter um conto em que a moral do final feliz é mais inusitado que tão, tão esperado!
Eu conheci primeiro o sapo. Mas, não poupei esforços como bruxa faria, para acabar com as intenções deste pretendente intrometido. Só que depois de algum tempo, depois que meu conto fez do dito cujo príncipe encantado em um ser mais folclórico que o conto do vigário, quem de repente aparece coaxando do lago das minhas lamúrias?
Ele mesmo, o sapo. Enquanto eu lá estava, afogando uma infinidade de porquês nas águas das lamentações, ele estava ali sem porque para me ignorar. Então de repente, senti vontade de beijá-lo e não me perguntem por que!
Talvez a atitude mais simples e imparcial dele, tenha feito sentido. Ele apenas me disse “Estou aqui a te querer, seja como for ou quando for” – Percebi a admiração dele com humildade, coisa que antes eu tinha percebido com a delicadeza de um primata! E desde então não vejo a hora de encontrar o sapo...
Larguei meu sapatos de cristais e o orgulho de cinderela na beira do lago e fui correr com o sapo, rindo de todos os nossos finais infelizes. E com a moral mais primitiva de todas, que é ser feliz. Vivo o meu novo conto sabendo que não preciso esperar pelo príncipe, basta-me que ele seja encantado.