À Janela

Debruçado sobre o parapeito,

Um homem faz o seu trago.

Trazendo a si mesmo;

Lembranças de um tempo distante.

Janelas semiabertas para todo lado.

Dezenas de arranha - céus.

Tudo parece vazio e um tanto abstrato.

O homem do 401 passa horas assistindo tv. Um drama sobre um rio texano.

Ah, a vida é uma vil agonia!

Abrindo a janela para o lado esquerdo,

O homem faz seu triste relato de morte:

“Viver é uma fantasia travestida de sonhos.” Apenas os tolos não sonham!

Enquanto observa o outro homem, no fundo ele analisa a si mesmo.

Relembrando a sua doce infância e recordando o mais sujo desejo.

Ah, a vida é uma vil agonia...

O que ele fará amanhã ao raiar do dia?

Será que ele tem bom emprego?

Não deve ter namorada ou formado alguma família.Está sempre sozinho!!!

Talvez esse seja o seu desejo…

Estar só não te faz solitário, mas sim, é um triste cenário. Programa de otário!

Uma péssima forma de matar o tempo.

Ah, a vida é uma vil agonia…

Fechando a janela abruptamente.

Abaixando o blackout manchado,

Apagando o abajur centenário,

Refletindo no escuro, talvez.

Seria ele algum religioso?

Um homem de paz e orações?

À janela entre um e outro trago,

Eu me entrego, eu me indago.

Ah, a vida é uma vil agonia!

(Zé Rick)

Zé Rick
Enviado por Zé Rick em 26/09/2024
Código do texto: T8160293
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