Gracias a la vida
Gosto de escrever para eu do passado, estando no presente, com a possibilidade de relê/rever no futuro...
Meses e meses dentro de casa, trabalhando em home office, a garota que dar prazer... quando saio de casa, é para fazer as compras de alimentos mensal ou para descer com o lixo.
No quarto a janela, o meu canto e encanto preferido, onde as plantas crescem nos vasos suspensos por artesanatos em crochê, me conectando cada vez mais comigo mesma...
A caixa d'água da casa vizinha gotejando na parede sem reboco, criou frestas e as samambaias tem morado ali, limo e raízes aéreas, bem-te-vi, pombas, e outras espécies de aves se encontram pra refrescar-se também e de presente eu as escuto cantarolar.
Na cozinha, lavando louças vendo o céu e sentindo os raios de sol entrando pelas brechas dos prédios burgueses, uma cortina improvisada com uma canga de imagens de elefante e a árvore da vida - simboliza prosperidade - a cortina é para tampar a janela onde a vizinhança que sobe as escadas para estender as roupas no terraço, e ao subir, bisbilhoteia dentro de casa, um calor da porra e eu fico pelada, lógico, fazendo várias limonadas e me exalando prazer audiovisualmente...
O dia quente, mormaço e umidade no ar, dores de cabeça intensas, o filtro de barro de 3 litros filtrando sem parar, o ventilador com um vento quente cozinhando os neurônios, tropical e infernal...
Semestre passado fiz o Enem, para mudar de curso, gastronomia não estava me fazendo bem, até queria, mas 95% do curso, a metodologia é toda baseada em uso de derivados de animais, leite, ovos, carnes, logo eu que estou transicionando a alimentação para comer somente vegetais...
O caminho no novo curso, se iniciou bem antes de eu escolher, lembrei outro dia quando eu era pequena, não lembro a idade, mas eu subia nas árvores do quintal da minha avó que era no mesmo quintal da minha casa, eu estudava pela manhã e passava maior parte da tarde, subindo nos pés de goiaba, laranjas, manga, seriguela, o de abacate era muito alto e eu não conseguia, tinha também o pé de acerola, que era mais baixo, conseguia colher facilmente, e foi nesses momentos que tive meu primeiro contato físico, energético e espiritual com as árvores, as plantas, a terra, as lagartas de fogo do pé de goiaba, as joaninhas, as Marias mijonas, as abelhas, marimbondos, os lagartos que subia e descia da parede com tanta rapidez...
Hoje, a selva de pedras sobe ao redor, a cidade está subindo, e ninguém mais pisa na chão...
Continua....