REMANDO EM FLUIDO ASFALTO

Bosco Esmeraldo

Meu barco singra na avenida

Nas ondas fluidas do asfalto,

De baixa maré lá do alto,

Pra frente e pra trás, na corrida.

Veloz, sem sair do lugar

Chegando a lugar algum,

Vindo de lugar nenhum,

Sem nem pegar, nem largar.

Descendo o morro pro alto

No topo do fundo vale,

Fala o mudo que me cale

Que, do silêncio, sou arauto.

Gritando sem voz, silente,

Ouço o ensurdecedor nada,

No passado que se acaba

Sem futuro e sem presente.

No leito da inexistência,

No escuro terror sem luz,

Resplandece a de Jesus,

Traz, da vida, a existência.

Assim, eu era, antes de ELE

Do nada me resgatar,

A minha alma restaurar.

Não sou mais meu, mas só DELE.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 04/04/2024
Reeditado em 19/04/2024
Código do texto: T8034414
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