poema 9
Depois de pensar tanta vida
jogar os tênis no canto da sala
fritar dois ovos na cozinha
porque não jantei o suficiente no trabalho
pegar o celular e não abrir notícias nem resenhas
pensamento vida coisas objetos
meus amores e meus teatros
jogo o corpo na cadeira cor azul
de um material que imita a madeira
estofado marrom siena listra
apanhei os jornais datados de uns anos de eleição
e visibilidade de autoras sáficas
passo os olhos mãos
preliminares
a tesoura sem ponta passeia após
em zig zag des(cobrindo)
enquanto as imagens mastigadas
as palavras ansiosas para des(pertencer)
com sede levanto e molho as plantas
mastigo mais imagens e alguma coisa sobre
a cidade estar cheia de argentinos
uma performance que muito me agrada
mas não sei do que se trata:
mentiras e videotapes
privilégios à brasileira
recortes e amassos
“nossa, tá a cara dela”
lembrei da minha amiga e seus poemas pós-término
outro alguém que ela apresenta e faz indumentária
na verdade, ela detesta se fantasiar.