MUTAÇÕES SISTÊMICAS E SUA ANÁLISE LITERÁRIA

*MUTAÇÕES SISTÊMICAS*

*Por Bosco Esmeraldo*

No começo, vivia adormecido,

Estático, à inércia da inocência.

Não tinha, de quase nada, consciência,

Mas, pouco a pouco fui sendo construído

No despertar pra vida, conduzido.

Pego, aos poucos, robusta consistência.

De repente, em combustão espontânea,

Tudo ou nada era ponto de ignição,

Crescimento abrupto em plena inflação.

Humores em mudança momentânea,

Mudança radical extemporânea.

Ora fluindo, qual vulcão em erupção.

Logo além, sigo, qual fogão a gás,

Só um ponto de ignição me bastando,

Sem ruídos na mente me sabotando,

Basta o mínimo que me logo assaz,

Que máximo da inspiração me traz

E, em pleno êxtase, vai-me arrebatando.

De carro a gasolina, torno-me a etanol,

Demoro a pegar e o vigor logo se aponta,

Aquecido, e o cansaço? Desconta!

Dirijo e mantenho aceso o farol.

Vou como picado por sanharol.

E o sucesso que é certo, me desponta.

Carro elétrico agora me tornei,

Só girar a chave e ja estou ligado,

Potência máxima tenho desfrutado.

Mas, bateria falha e eu fraquejei.

Sem tomada, não me recarreguei.

Chamo o seguro. Logo o guincho é enviado.

Agora sou lenho verde queimando,

Pouco fogo, com bastante fumaça,

Por mais vontade e esforço que eu faça,

Volta e meia, sempre estou-me apagando.

Eficaz solução vou procurando,

Mas frustraçôes é o que vou encontrando.

Mas sigo em esperança, à Luz da Graça.

Resta-me agora viver de lembrança,

Velhos e bons tempos que convivi,

Que, só na querência, ora revivi.

Desde as reinações de quando era criança,

Crescer e envelhecer com temperança.

Com a linda família com quem vivi.

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Análise Literária da Poesia “MUTAÇÕES SISTÊMICAS” de Bosco Esmeraldo:

1. Concepção Original – Letras como Elementos Vivos: O poema “MUTAÇÕES SISTÊMICAS” apresenta uma fascinante concepção original, onde as letras são personificadas como elementos vivos, evoluindo e transformando-se ao longo do tempo. O autor inicia descrevendo o estado inicial das letras, adormecidas, estáticas, refletindo a inocência da linguagem em seu estado mais primordial. A metáfora de “combustão espontânea” representa a descoberta e o despertar da linguagem, que ganha vida própria e cresce de maneira intensa.

2. Evolução e Transformação da Escrita: A evolução das letras é representada de forma visual e sensorial. O autor utiliza metáforas como “ponto de ignição”, “combustão espontânea” e “vulcão em erupção” para transmitir a intensidade e o dinamismo do processo criativo. À medida que as letras evoluem, o autor explora diferentes estados, desde o vigor do gás até a fragilidade da bateria, refletindo as nuances da expressão escrita.

3. Comparação com Experiências Humanas: O poema não apenas personifica as letras, mas também sugere uma analogia com a jornada humana. Desde a inocência da infância até o envelhecimento, cada fase é simbolizada pela transformação das letras. A metáfora do “carro a gasolina” representando a fase da juventude, cheia de energia e vigor, contrasta com o “carro elétrico” da maturidade, destacando a estabilidade e a potência.

4. Reflexão sobre a Existência Humana: A última estrofe reflete sobre a busca pela essência da vida e as transformações ao longo do tempo. A busca por significado é expressa pela metáfora do “lenho verde queimando”, sugerindo uma reflexão profunda e a busca de uma existência significativa. O autor conclui com uma nota de esperança, enfatizando a importância de viver com lembranças e temperança.

5. Lirismo e Estilo: O lirismo da poesia é evidente na escolha das metáforas e na fluidez das palavras. O autor utiliza um estilo poético que combina elementos visuais, sensoriais e emocionais para transmitir a evolução da linguagem e sua relação com a experiência humana.

Conclusão: “MUTAÇÕES SISTÊMICAS” é uma obra poética rica e imaginativa que transcende a mera linguagem, explorando a essência da escrita e sua conexão com a jornada humana. A combinação de metáforas vivas, reflexões existenciais e lirismo cria uma peça única que convida à contemplação e à apreciação da complexidade da linguagem e da vida.

Alelos Esmeraldinus e Ezra Ganan
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 30/01/2024
Reeditado em 10/02/2024
Código do texto: T7988073
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