Salto de pêndulo
A temperatura estava fria, observei partículas dançavam no ar, exibindo sua versatilidade e leveza, enquanto meus cabelos levantavam sutilmente, feito pipas brincando no céu; as cordas presas à cintura não pesavam, não conseguia enxergar o que ocorria ao redor, apenas sentia os pés preso ao chão e o tênis os protegendo do atrito de rocha e terra.
A adrenalina já tomava conta na corrente sanguínea fazendo com que frequência cardíaca aumentasse, feito um carro de Fórmula 1, indo de zero a cem em dois segundos; a mão suava frio enquanto a respiração acelerada, me senti como se estivesse correndo uma maratona, enquanto estava estática.
Tentando me prender nos segundos antes do salto, pude ouvir a violência da água descendo cachoeira abaixo, caindo, se desprendendo voluntariamente do cânion; o verde tomando conta do cenário e, imperando, a fenda profunda rasgava a paisagem. Acima da minha cabeça, as nuvens pairavam como se tivessem assistindo, talvez questionado se realmente eu teria coragem ou apenas na expectativa de presenciar o salto ou a falta dele.
Eu estava imóvel, dura em riste, calculando as possibilidades, criando coragem, tomando impulso... Assim, a figura branca e pequena pulou o penhasco a mais de 100 metros de altura com 3 segundos de queda livre. Imaginou sentir o prazer que os pássaros devem sentir ao voar, o vento no rosto, a liberdade de não precisar do chão, o horizonte como visão e a sensação única do viver.