The Devil's back
Unscrupulous City/SC, 24 mai/2020.
3:00 AM – madrugada imperdoavelmente gelada: 8°.
Como está, Srta. Redemoinho? Ou melhor, Srta. Fênix. Pois, vira e mexe, você ressurge das cinzas das mais longínquas memórias.
Neste momento, a chuva martela a vidraça, mas não sei se é o tempo sombrio ou vinho que esta me fazendo sentir falta daquela ardência, sensação esta que me faz sentir toda vez que tento reviver amargas e obscurantistas lembranças.
Uma pontada disfarçada de amor embriagado remoído em autoflagelação.
Aproveitando então, a coragem e o momento, como é capaz de usar termos como se estivesse extraído da minha miserável cabeça? Você ainda tem poder sobre mim ou trata-se de algum tipo de possessão?
Tenho andado tão inútil, tão dolorida, tão doente, uma doença que está corroendo cada órgão lentamente. A vida nunca fez sentido e hoje muito menos. Estou perdida e não quero me encontrar, ou isso é apenas uma forma de aliviar a situação, pois realmente não é possível encontrar o que nunca foi perdido.
Ao fundo, Tourniquet de Evanescence soa como trilha sonora. Sinto-me arrastar um pouco mais para baixo, época em que apenas as sombras me acompanhavam. Sweet and dark. Mas hoje há algo a mais do que apenas sombras.
Mais um gole.
Eu sabia que poderia me fragilizar, no entanto, permiti que seus dedos tocassem minha pele e, a partir, foi apenas um passo para me tornar refém. Mergulhei na leitosa sensação de entrega, sem qualquer fio de racionalidade. Fui me perdendo... Venda a sua alma para mim, garotinha. Permita adentrar nos seus esconderijos, cair em sua teia.
Mesmo quando está tudo quieto, prodigiosamente, ela sabe mexer e despertar. Permaneço na total escuridão, abrindo oportunidade aos demônios. Eu tentei gritar por socorro, mas não havia braços interessados em se estender. Não havia mais salvação. O diabo está de volta.