VALEU A PENA (Spina)

Aquela mãe, com

o filho no

colo, tudo fazia.

 

Com duas jornadas de trabalho,

três ônibus cheios, tanto indo

quanto voltando, a cada dia.

Mesmo exausta com a lida,

cuidava da casa com alegria.

 

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Ajuda ela teve

apenas da mãe

querida, Dona Ana.

 

Na ausência da filha, era

quem cuidava do netinho.

Quanto ao pai, só grana;

optou por não ver o filho,

caiu na lábia da cigana.

 

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Passado o tempo,

a vovó faleceu,

cresceu o menino.

 

A mãe se superou nos

cuidados com o filho, ele,

agora, cria muito gado bovino.

Casou-se com uma jovem, a

única herdeira do sô Albino.

 

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Idosa saudável, a

mãe é feliz;

tem duas netinhas.

 

Tida como mãe pela esposa

do filho, ama-a como filha;

ah, são da vida parceirinhas.

Tudo fazem uma pela outra,

dividem o cuidar das criacinhas.

 

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Spina, estilo poético criado por Ronnaldo de Andrade.