TELEFONE SEM FIO
TELEFONE SEM FIO
Quem não conhece aquela brincadeira do telefone sem fio? Pois é, a conversa no final sai completamente diferente da origem.
Há uns quinze anos, com um grupo de pastores, saí às sete da noite para uma vigília de oração de Juazeiro do Norte até um platô da Chapada do Cariri, na ladeira da Serra de São Pedro, via que segue para Caririassu, cidades do sertão caririense, sul do Ceará. Dava pra ver as luzes de Crato Juazeiro e Barbalha; mais ao longe, dois clarões indicavam Jardim e Missão Velha. Eram meados de Julho, céu limpo e estrelado. A temperatura ambiente, de cerca de uns 14⁰C. Todos bem agasalhados, de mãos dadas, fizemos um círculo e iniciamos um clamor pelas vidas daquelas cidades.
Tiritando de frio, bexiga cheia, me afastei do grupo para tirar água do joelho. Dois irmãos, vendo-me afastar do grupo, logo, saem atrás de mim a saber porque eu me distanciava dos demais. Respondi-lhes brincando, que ia ali marcar território como os cachorros fazem, ou seja, aliviar a bexiga.
Meses mais tarde, soube do rumor de que uma nova seita ou heresia surgira no Brasil na qual pastores e obreiros saiam pelos quatro cantos do lugar a urinar, decretando tomar daquele lugar posse para o reino.
Sei não, mas tem horas que é melhor ficarmos calados e nem brincar com nada. Não se sabe quem está por perto e vai deturpar o que você diz.
Fica a pergunta no ar: “Seria por ignorância ou seria mesmo proposital?”