O OUTRO CONVIDADO PARA O JANTAR

Segunda-feira, 12, 14h30

Eu: “Oi, tudo bem? Você tem visto a Lili esses dias?

Patrícia: “Oi, Fábio, então... Ia te perguntar exatamente isso. Faz dois dias que não tenho notícias dela. Inclusive, acho que o celular dela está desligado”

Eu: “Achei que ela tivesse me bloqueado...”

Patrícia: “Não, não. Ela nem chega a receber as mensagens. Liguei três vezes e não atendeu. Achei muito estranho. Ela está sempre on-line e falando conosco o tempo todo...”

Eu: “Ela nem foi à festa, não disse nada, estranho demais... Será se aconteceu alguma coisa?”

Patrícia: “Tipo o que?”

Eu: “Ah, sei lá, não quero nem pensar”

Patrícia: “Acho que não, vai que ela resolveu dar um tempo em redes sociais, celular. E até nos amigos. A gente estava pegando muito no pé dela também”

Eu: “Eu ia até pedir desculpa. Não é da nossa conta a vida pessoal dela. Mas a gente quer o melhor e às vezes acaba passando do ponto”.

Patrícia: “Mas amigo é para dizer a verdade mesmo, Fábio. Não importa se vai doer na hora. É pelo bem”

Eu: “Sim, a intenção é boa, mas às vezes a gente passa do ponto e fica chato”.

Patrícia: “Será se ela não voltou com o Fred? Vi os dois esses dias conversando na rua da casa dela. Não quis parar porque não quis atrapalhar a conversa. Parecia uma conversa amistosa...”

Eu: “Tomara que ela não tenha feito essa burrice. O cara já teve a chance dele, fazia ela sofrer demais”.

Patrícia: “É, mas parece que ela tem um tipo de vocação para homem podre, credo”.

Eu: “kkkk, isso é”

Patrícia: “Fábio, vou trabalhar um pouco, se você descobrir algo me fala. Beijo”.

Eu: “Falo sim, outro”.

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Segunda-feira, 12, 15h26

Eu: “Oi Lili, cadê você? Dê notícias!

Segunda-feira, 12, 15h41

Eu: “Lili, o gato comeu sua língua?

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Segunda-feira, 12, 15h45

Eu: “Fala, Marcelo, na paz, irmão?”

Marcelo: “Grande Fábio, firmeza. O que você manda?”

Eu: “Estou preocupado com a Lili, ela tá meio que sumidona. Você a viu?”

Marcelo: “A última vez foi anteontem à noite. Eu fui colocar o lixo do lado de fora e vi ela chegando com o Athos, o rapaz que ela disse que está conhecendo melhor”

Eu: “Ela chegou a sair com ele então?”

Marcelo: “Acho que jantou com ele em casa. Algo assim. Não quis ser indiscreto”

Eu: “No WhatsApp você não falou com ela depois disso?”

Marcelo: “Não, até mandei uma música para ela, mas nem chegou a visualizar”.

Eu: “Passa em frente a casa dela, para ver se tem movimento. Aí você me fala”.

Marcelo: “Beleza, daqui a pouco te falo. Um abraço”

Eu: “Outro, até”.

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Segunda-feira, 12, 16h28

Marcelo: “Fábio, na escuta?”

Eu: “Opa, tô sim, e aí?”

Marcelo: “O carro dela está na garagem. Toquei a campainha e não tinha ninguém. Achei muito estranho. Estou com um pressentimento ruim. Senti uma energia estranha”.

Eu: “Deus é mais!”

Marcelo: “Vou tentar entrar no quintal. Está muito esquisito isso”.

Eu: “Me mantenha informado. Torcer para ser só um mal-entendido”.

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Segunda-feira, 12, 16h36

Marcelo: “Fábio, deu ruim!”

Eu: “Como assim, cara? Diz”

Marcelo: “Na porta da cozinha está saindo um cheiro muito forte, de algo podre. Infelizmente, pode ser ela. Acabei de ligar para a polícia. Não tive coragem de entrar”.

Eu: “Meu Deus! Não é possível uma coisa dessa”

Marcelo: “Infelizmente, parece que é isso mesmo. A polícia está chegando, um minuto”.

Eu: “Se eu estivesse na cidade iria aí agora. Tive que vir aqui em Campina Grande resolver um negócio. Estou transtornado com isso, vai me dizendo o que está acontecendo”.

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Segunda-feira, 12, 16h49

Marcelo: “Infelizmente, a Lili está morta, Fábio! Foi esfaqueada, a casa está toda revirada, segundo a polícia. Suspeitam de um assalto. Mas cá entre nós, quem vai assaltar com uma faca? E também tem a questão do rapaz, do tal Athos. A polícia disse que tinha restos de comida. Foi o tal do jantar que eu te disse. Foi ele! Matou ela!

Eu: “Estou sem acreditar nisso tudo!”

Marcelo: “Estou em choque também, cara, em choque”

Eu: “Fala para os policiais sobre o cara que você viu entrando na casa dela. Pode ajudar na investigação”

Marcelo: “Um deles já veio e disse que vai tomar meu depoimento. Não gosto dessas coisas, mas agora nem tem como eu escapar. E também é pela Lili, por ela vale a pena”.

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Segunda-feira, 12, 17h01

Eu: “Ficou sabendo da tragédia?”

Érika: “Acabei de saber, deu a notícia no rádio. Estou sem chão. Bem que eu falei a ela para denunciar o Fred, que ele ia acabar matando-a. Aconteceu!”

Eu: “Como sabe que foi ele? Parece que ela estava conhecendo um cara, um tal de Athos, acho que ele que matou ela”.

Erika: “Ainda acho que foi o Fred, ela falou que se ela não fosse dele não seria de mais ninguém”

Eu: “Independente de quem tenha cometido esse horror, que seja preso logo e que mofe na cadeia!”

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Segunda-feira, 12, 19h34

Marcelo: “Falei com a polícia. Ela está na procura do Athos. Eles não têm dúvidas que foi ele o assassino”.

Eu: “Por que alguém iria querer tirar a vida de uma menina tão gente boa como a nossa Lili? Não consigo entender o ser humano!”

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Segunda-feira, 12, 20h41

Erika: “Acabo de ver na internet que o cara que a Lili estava saindo, o tal Athos está foragido. A polícia foi até a casa dele e ele está desaparecido há dois dias. Matou ela e fugiu. Não foi o Fred então...

Eu: “Que seja pego logo esse miserável”

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Terça-feira, 12, 08h06

Marcelo: “Tenho uma novidade quentíssima: o policial que me interrogou acaba de me ligar e disse que encontraram um corpo no bosque. É o corpo do Athos!”

Eu: “Será se foi suicídio?”

Marcelo: “Esfaqueado também. Foi assassinado. Acho que quem matou a Lili também matou o Athos”

Eu: “Então só pode ser uma pessoa: Fred!”

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Terça-feira, 12, 09h35

Marcelo: “Grande Fábio, você não acredita no que aconteceu! A polícia invadiu o velório da Lili e prendeu o Fred, na frente de todo mundo!”

Eu: “O que?”

Marcelo: “A polícia viu nas imagens das câmeras que os três entraram na casa de Lili na noite do crime. Dois estão mortos. Concluíram que Fred encontrou os dois num jantar romântico e matou eles”.

Eu: “Mas por que ele deixaria a Lili na casa e o outro ele jogaria o corpo no bosque?”

Marcelo: “Aí é que está: ele matou a Lili e o Athos tentou fugir. Aí o Fred conseguiu golpeá-lo. E deve ter ficado com medo da vizinhança, pelo barulho e colocou ele no carro para terminar o serviço no bosque. Que psicopata!”

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 09/04/2022
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