Reunião em Onirópolis
Hoje, noite tranquila e calma, reunidos no coreto do nosso jardim em Onirópolis, os heterônimos esmeraldinos discutem problemas de sua classe trabalhista.
_ Boa-noite, coirmanados! Agradecemos por terem vindo sem qualquer resistência!
_ Imagina, Od! Nós que agradecemos a oportunidade!
_ OK! Quem quer ser o primeiro a fazer uso da palavra? Amin! Pode falar
_ Como todos sabem, sou aposentado da Lapisoleum e recebo vencimentos tanto pela LAPIS, nossa previdência privada, quanto pelo SEGPUB. _ Todos concordam com o Amin, visto todos serem beneficiários dos mesmos órgãos.
_ Acontece que há um ano vimos recebendo migalhas como vencimentos creditados em nossas contas, pois tanto a LAPIS quanto a LAPISOLEUM vêm fazendo descontos abusivos em nossos contracheques com o pretexto de zerar deficit/passivo que estão nos sufocando ao ponto de não termos mais dinheiro para comida, medicamentos e tratamentos de saúde e moradia. A continuar assim, ou seremos despejados ou morreremos por desnutrição ou falta de assistência médica.
_ Nem me fale! _ diz Nino, _ Já estou a ponto de ter derrame por não mais poder ir ao especialista nem comprar remédios, sem falar em não poder fazer a dieta recomendada. Tudo isso gera despesas que requer dinheiro para bancar.
_ Pior é que nossos cartões, financiamentos e até nossos impostos não estamos conseguindo manter em dia. Vira uma bola de neve e não sabemos como isso vai acabar. Sinto que morro exponencialmente a cada dia.
_ Pois é! _ prosseguem, em uníssono, os gêmeos Defin e Nitivo. _ Todos devem ter sentido nossa ausência aqui nesse espaço. Como termos ânimo de viver e produzir quando nossos proventos se resumem ao irrisório crédito em folha de míseros R$ 15,08 (quinze reais e oito centavos)? Isso é um genocídio programado!
_ A situação está caótica pra todos nós, mas não podemos nos entregar, nem desanimar. _ intervém OD. _ Repito, não podemos desanimar. Temos que ter fé e esperança, pois não há bem que nunca se acabe. De igual modo, não há mal que dure para sempre. Logo tudo isso vai passar. Vamos crer em Deus e esperar dias melhores, porque o melhor ainda está por vir.
*************
Este texto se baseia em dados reais. Foi a forma poética que encontrei pra trazer a público o que está acontecendo com os petroleiros aposentados. Estamos de mãos atados sem sabermos o que fazer. Só não podemos perder a fé.