- Gafieira no meu peito -
Você é como o suor
do carnaval
que não escorreu
e a saudade que eu senti
mas que não vivi
e a embriaguez
que perdi na quarta feira
em que nos despedimos.
mas eu ainda ergo
a minha velha bandeira
rasgada
minha paixão
minha voz desafinada
e o sangue que corre
nas minhas veias
há trezentos batalhões
de desenganados
e um punhado
de apaixonados
subindo a ladeira
bem ao meu lado,
E todo frevo
que eu não danço
toda marcha que eu não canto
e o maracatu que retumba
descontrolado
me lembram que Recife
é dos que amam
e dos que lutam
por todas as causas perdidas
que ainda valem a pena lutar
a cidade seguirá em chamas
junto com meu peito
nas as ladeiras
nas igrejas
nas calçadas
Na rua da Aurora
na Guararapes
em Olinda,
e na beira do porto.
por isso eu te digo
hei de amar
meio vivo, meio morto
enquanto houver fogo
dentro de mim.
Mesmo que você me esqueça
Mesmo que você se perca
dos meus abraços
já perto do fim.