poema de silêncios
desejo aterrorizar este escrito com um certo tipo de desassossego que muda de mãos ao espreitar os ruídos de tudo que se faz sobra ou resto. dos pequenos aos muitos. do gesto cujo intento é falar mas que não pode fincar os pés nas palavras. e berrar.
berra-se muito no silêncio dos olhos, da mira ruidosa das pupilas dilatadas. do amor dos amantes debaixo de fiapos de existência de não serem apenas gozo e sonharias perdidas. lençóis abandonados. limpos por fluidos os mais cheirosos. carnes esfaceladas. mulheres com vozes de subversão. amando o simples fato de amar sem mais. despedaçando com a sua poesia que mata, o corpo que se esfacela em gozo. sua existência como uma arma viva.
subverte-se muito nas acções pequenas. nas correntes tripartidas. nas confidências do não vivido. ainda. dos desejos de ilhas e partidas, a repentina beleza ofuscante e retórica de uma bailada de vistas.
explicita-se muito e às escondidas o imenso de uma sonoridade embriagada. tua garganta brilhando criptografias nossas. do mundo, dos deuses em profunda anuência. transgressões com megafones para um punhado de ouvidos de ver e de sentir. é só um movimento de grandes maçonarias e associações pequenas de desvarios e de desejos realizados. a 2. ao infinito de todos que compreendem a nossa linguagem silenciosa. sinais debaixo de cobertas. escafandros com senhas de acesso aos berros de todos que não se despedaçam em precipícios.
sobrevivência escandalosa do nosso silêncio