minutos antes da queda
perguntei ao artista e ao poema se o corpo não se faz ao ritmo do desabrochar de uma só flor da lua de Margareth Mee, naquele instante da impermanência abissal de uma faísca e se o tempo que impregna o corpo de existência não é de matéria-pólen, matéria-sereno ou matéria imaterial do orgânico úmido decomposto após pétalas caídas.
o poema me respondeu pelo olhar do artista, como se concordasse comigo e me convocasse à coragem que é o combustível para desaparecer do pequeno que murcha antes mesmo de se fazer intento, gesto ou imaginação.
a flor foi meu corpo junto ao corpo do artista ao parir um poema nas dobras de nossos movimentos , na circulação sanguínea e ofegante quando a respiração dança agoniante precedendo gozo vivido.
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o corpo é o gozo do poema ao cair no solo, naquele único instante em que baila soberano. minutos antes da queda.