Todo o amor que eu tinha
Pra onde vai o amor dos enterrados?
talvez exista um ciclo
onde o amor renasce como grama
do solo.
Ou talvez ele
evapore
e vire chuva,
pra cair como lágrimas dos céus.
Ela está a sete palmos. E infelizmente eu ainda ando pelas mesmas ruas que ela andou comigo de mãos dadas. Ela levou um pedaço de mim, todo o amor que eu tinha.
E que nunca mais serei capaz de dar para ninguém.
E o amor que ela me deu, resiste aqui, dentro de mim, como um coração transplantado, que ainda bate, mesmo sem o antigo dono.
Para onde vai o amor dos enterrados, meu Deus?
Eu daria tudo para tê-lo de volta.
Para tê-la de volta
e não congelar aqui sozinho,
em pleno verão.
Eu daria tudo para não ter que enfrentar
os leões da minha solidão,
e as sombras do meu quarto.
Às vezes ainda a vejo vagando pela casa,
nua em pelo,
como se fosse uma aparição.
Peço todas as noites,
que ela me encontre em meus sonhos
e me ponha em seu colo, e me cure
das dores que já não posso suportar sozinho.
Mas hei de esperar pela chuva,
que há de trazer o meu amor de volta
em suas gotas,
ou pelo golpe da morte
pra me jogar no mesmo chão onde ela me espera.
Mas a morte nunca é simpática aos apaixonados,
e aos vivos.
A sina dos vivos é fugir da morte, e não ansiar por ela - Alguém me disse alguma vez. Não lembro quem. Talvez meu psicólogo.
Mas vá dizer isso para o meu coração,
que bate em protesto,
Por não bater junto ao peito dela.
Hoje sei.
é uma questão de sorte,
encontrar o verdadeiro amor,
antes da hora da morte.
Encontrei, e agora espero,
a chegada da minha.
Vendo a grama brotar
do chão onde tive que plantar
todo o amor que eu tinha.