Todo o amor que eu tinha

Pra onde vai o amor dos enterrados?

talvez exista um ciclo

onde o amor renasce como grama

do solo.

Ou talvez ele

evapore

e vire chuva,

pra cair como lágrimas dos céus.

Ela está a sete palmos. E infelizmente eu ainda ando pelas mesmas ruas que ela andou comigo de mãos dadas. Ela levou um pedaço de mim, todo o amor que eu tinha.

E que nunca mais serei capaz de dar para ninguém.

E o amor que ela me deu, resiste aqui, dentro de mim, como um coração transplantado, que ainda bate, mesmo sem o antigo dono.

Para onde vai o amor dos enterrados, meu Deus?

Eu daria tudo para tê-lo de volta.

Para tê-la de volta

e não congelar aqui sozinho,

em pleno verão.

Eu daria tudo para não ter que enfrentar

os leões da minha solidão,

e as sombras do meu quarto.

Às vezes ainda a vejo vagando pela casa,

nua em pelo,

como se fosse uma aparição.

Peço todas as noites,

que ela me encontre em meus sonhos

e me ponha em seu colo, e me cure

das dores que já não posso suportar sozinho.

Mas hei de esperar pela chuva,

que há de trazer o meu amor de volta

em suas gotas,

ou pelo golpe da morte

pra me jogar no mesmo chão onde ela me espera.

Mas a morte nunca é simpática aos apaixonados,

e aos vivos.

A sina dos vivos é fugir da morte, e não ansiar por ela - Alguém me disse alguma vez. Não lembro quem. Talvez meu psicólogo.

Mas vá dizer isso para o meu coração,

que bate em protesto,

Por não bater junto ao peito dela.

Hoje sei.

é uma questão de sorte,

encontrar o verdadeiro amor,

antes da hora da morte.

Encontrei, e agora espero,

a chegada da minha.

Vendo a grama brotar

do chão onde tive que plantar

todo o amor que eu tinha.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 13/11/2020
Reeditado em 13/11/2020
Código do texto: T7110359
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