Peço Perdão às Palavras!

Por Nemilson Vieira (*)

Na solidão do outro ultrapassei limites, violei direitos; abusei das palavras: sem uma prévia concordância das mesmas.

As explorei em proveito próprio muitas vezes. — Ao atender às minhas vaidades; com bonitos dizeres, no intuito de agradar, impressionar…

Noutras ocasiões faltaram-me um pouco mais de cuidado, respeito com as narrativas e, com os leitores: num certo pensar, dizer…

Numa somatória de improbidades distorci verdades, machuquei sentimentos, corações, espíritos, nas minhas produções; invadi redutos de privacidades…

Ignorei formalidades, princípios e regras duma boa escrita.

As palavras — cansadas das minhas inconsequências descansaram dos meus abusos ao envolverem-lhes, foram-se de mim por um pouco!

Elas (as palavras) devem necessitar dum instante às sós; privacidade precisam ser respeitadas.

— Errei de certa forma ao tirar-lhes o sossego; ao querer inseri-las num texto sem tanta relevância.

Acho até que as palavras, como nós humanos, precisam descansar num silêncio. — Como que numa reflexão, diante dum mundo de possibilidades em que são desejadas, utilizadas, envolvidas…

Com o motivo de não atender aos caprichos de quem quer que seja, caso as incomodem indevidamente, se comportam como devem; numa indiferença total.

Nesses anos de lides com a pena, não deixei de importuná-las, transportando-as para as páginas brancas do papel; sem devidos critérios, permissões.

Ao lembrá-las, organizá-las e até publicá-las; achava-me, importante feitor de tal achado, mas não era e nem serei.

Um dos meus erros foram o despreparo, a autoconfiança; ir com muita ansiedade ao 'pote' na minha escrita diária. — Achava ser justo escrever qualquer coisa e logo mostrar ao mundo inteiro; fazer o uso das mesmas aleatoriamente, contar as minhas histórias, os meus casos; expressar os meus sentimentos, sem ressalvas e sem consultas prévias, uma pesquisa, num assunto, numa ideia mais trabalhada…

Precipitei-me ao atropelar as palavras, joga-las ao vento!

Anteriormente não entendia bem sobre o verdadeiro tratamento que devia da-las no fazer da arte de escrever.

Amador, cometi faltas graves contra essas companheiras inseparáveis do conhecimento e do saber — as palavras, mas antes tarde do que nunca…

Melhorei bastante depois de tomar ciência dos meus ilícitos escritos; com os pés no chão, mais cônscio de como devo-me comportar frente à necessidade de rabiscador das palavras, rogo-as, desculpas pela minha incompetência e insistências desnecessárias; incompreensões, ignorâncias, grosserias que cometi…

Arrependido, ciente dos meus graves deslizes com as palavras… Humildemente despeço-me com estas (ditas, acima e ao finalizar)!

Comprometido, não mais as, importuno, expondo-as desnecessariamente!

Buscarei ajuda quase que, somente, às doces e, oportunas palavras, numa justa necessidade e razão de ser.

*Nemilson Vieira

Acadêmico Literário.

(26:05:27)