Palavras
As palavras jogadas em vão
no papel
seguem formando minhas histórias
pedaço por pedaço.
Me pergunto o que você pensa delas
e de mim
quando te escrevo.
Eu sempre me escondo por trás das palavras
escritas,
e do silêncio
que guardo pra mim,
quando as coisas parecem dar errado.
Talvez eu já te queira demais
pra conseguir falar algo
que faça sentido,
e por isso sigo apenas escrevendo.
Talvez seja pura consequência
de tanto falar sozinho
e não ouvir resposta
das paredes
ou do teto,
da cama
ou dos meus lençóis espalhados,
pelo quarto.
Aqui, eu sou um tipo de animal
enjaulado, enjoado
cansado de sempre estar no mesmo lugar.
Ainda assim
as palavras seguem escorrendo
de mim
como água de uma torneira quebrada
no banheiro
Talvez eu me afogue nelas
antes da conta chegar.
ou talvez o tédio
enfim,
me mate primeiro.