Palavras

As palavras jogadas em vão

no papel

seguem formando minhas histórias

pedaço por pedaço.

Me pergunto o que você pensa delas

e de mim

quando te escrevo.

Eu sempre me escondo por trás das palavras

escritas,

e do silêncio

que guardo pra mim,

quando as coisas parecem dar errado.

Talvez eu já te queira demais

pra conseguir falar algo

que faça sentido,

e por isso sigo apenas escrevendo.

Talvez seja pura consequência

de tanto falar sozinho

e não ouvir resposta

das paredes

ou do teto,

da cama

ou dos meus lençóis espalhados,

pelo quarto.

Aqui, eu sou um tipo de animal

enjaulado, enjoado

cansado de sempre estar no mesmo lugar.

Ainda assim

as palavras seguem escorrendo

de mim

como água de uma torneira quebrada

no banheiro

Talvez eu me afogue nelas

antes da conta chegar.

ou talvez o tédio

enfim,

me mate primeiro.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 03/11/2020
Reeditado em 10/11/2020
Código do texto: T7102979
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