Ansiosa
 
Jogada no leito
a lança jaza...
Sinto o feito...
 
Arqueio pela porta,
nua pela casa...
O que importa?
 
Senão teu castelo
nu que extravasa
o meu anelo.


 






 (Des)amarras
 
Já vou vindo...
não queria ir;
mas vou sorrindo...
 
Apagarei meu rastro
quando eu sair;
até meu cadastro
 
em tuas veias...
Eu devo ir;
desfazer as teias.


 





Turbilhão
 
Vogam ondas apressadas...
Cobrem-me espumas
 de águas passadas...
 
Rasgando o movimento,
as vagarosas brumas
num céu cinzento...
 
Indiferente a mim
O passado exumas?
Ah! Saudade carmim!



 





Imperdoável
 
Ah! Esse amor,
essa imensa vaga
quebrada em dor!
 
Entre tantas dores
perdoo a praga
dos teus fulgores...
 
Mas não perdoo
tua partida amarga.
Porque levantou voo?

 






“Pessoa”
 
“Versos à luz
do candeeiro... ”clara
à pena conduz...
 
Mas dá pena;
escrever é tara...
Ah! Versos... Cantilena...
 
Pois poeta finge;
tua pena declara.
Ri tua esfinge...
 

 





Caprichoso
 
Ora, dizeis: amo,
e no entanto,
diz que reclamo...
 
O que queres?
Verto-te pranto,
então te esmeres...
 
Mostre esse amor
assim tão santo
mas sem fulgor.
 
 
 





(Em) rolação
 
Faço teu jogo
de lero- lero;
queimo no fogo...
 
Mas tu sabes
que te quero...
Então me acabes
 
em dor, prazer;
que eu esmero
em me perder...


 


Imagens: Google, editadas
Série de Medianeiros que ainda faltavam para serem publicados aqui. Falta apenas uma série. Espero que gostem.