Ode ao tio Bob III
Há mais de vinte anos, eu conheci um menino que tinha uma gaita. Ele queria tocá-la como Bob Dylan. Ele escrevia uns textos num caderno de espiral todo surrado, que guardava a umas sete chaves. Ele tinha umas fita-cassetes que se tornariam o sound-track de todas as estradas que pegamos juntos, com a nossa turma , seja por aqui, em Minas, na Patagônia ou no midwest ...
Éramos apropridores de mitos, destruidores talvez, porque mitos são sonhos públicos numa rodovia espiritual sem fim mas plena de buracos.
E sem compreender os valores que regem a vida da maioria das pessoas, nos achávamos uns estudiosos das estradas por onde passávamos, usando a linguagem de fôrma elíptica para nos entender como solitários onde quer que estivéssemos.
(Noss)O menestrel e arauto de muitos mundos, aquele alquimista que ousa extrair dos lugares-comuns algum tipo de sabedoria mesmo que efêmera para muitos, hoje é Nobel de Literatura.
Não , não há mais caminho para casa, mas com um pé na estrada e outro na cova, tentamos sair da jaula vazia! ....
Salve Tio Bob! Há muita alegria implícita nesse texto, uma ode até o resto de nossa viagem... agora mais solitária do que nunca ...