Arranque

Eu só queria arrancar

essa coisa amorfa, que ficou aqui dentro,

depois do fim de tudo.

E tantas vezes eu corri para fora de mim mesmo

para me esconder da dor e desse arrependimento

travestido de saudade.

Talvez eu precisasse jogar sal nas feridas do meu peito

mas eu tentei encher o meu vazio com alcool e fumaça

e com pedaços de outras pessoas.

No fim das contas

as minhas sandálias continuam na porta de casa,

sujas e surradas de tanto andar por aí

e eu deixo tudo bem trancado pra não deixar espaço

pra nada de novo,

por enquanto.

Eu não vou negar que choro,

quando ninguém está vendo

e que as vezes queria perder a memória

e reviver uma felicidade perdida.

Mas eu bem sei,

não se apaga uma história

escrita com a caneta da vida.

A tinta secou,

eu sequei,

e não morri.

Mas no fim,

quem se importa,

com o que eu vivi?

É sexta feira, meu bem.

e todo dia morre alguém,

tudo normal,

nada de novo por saber.

E se a vida é uma viagem,

a morte só é mais uma parada

por fazer.

e enfim,

ninguém sabe dizer

o que tem no final

da linha desse trem.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 11/10/2020
Código do texto: T7085230
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