Ninho de quero-queros

Queridos irmãos, Confrades das Letras!

Para mim tem sido muito difícil escrever e publicar. Estou

com o tendão manguito rotador rompido ombro direito e

isto só me rende uma bruta dor no ombro. Como se isso

não bastasse, estou com tendinite no cotovelo direito e

ambas as mãos com os dedos em gatilho. Estou em

tratamento. Isso tem-me tirado a presença neste recinto

literário que tanto amo e onde se encontram meus

melhores amigos poetas-leitores. Peço-lhes mil perdões.

Sempre que minha netinha Sarah vem passar o fim-de-semana conosco, um passeio pelo bosque é quase obrigatório se não fosse tão prazeroso.

Sol quente, céu aberto e uma aragem vigorosa são um convite para empinar pipas. Pipeiros atentos e posicionados, vento a favor, corrente de ar a puxar as pipas para cima. É hora de dar linha. Num instante nossa pipa está a mais de 100 metros de altura a serpentear no ar, ao sabor dos ventos. Uma combinação de comandos de linha, vai para frente, vai de lado, ou para trás. A coreografia espontânea de cada empinador de pipa dá um colorido movimento ao local bem divertido.

De repente, três quero-queros partem para cima de nós como se fossem flechas de guerreiro a defender o seu território. A princípio, nos assustamos, mas aquilo atiçou nossa curiosidade e fomos pesquisar o motivo daquele misto belicoso de ataque e defesa. Curiosa, Sarah me pergunta:

_ Vovô! Por que eles estão-nos atacando?

_ Não sei, Princesinha, mas vamos descobrir?

Quanto mais nos aproximamos do ponto de defesa, mais agressivos se tornam os pássaros que não se intimidam e chegam quase a tirar uma lasquinha de nós com suas asas. Chegando mais perto, vemos uma mamãe quero-quero que está a chocar quatro lindos ovos malhados qual granito. Então entendemos o motivo dos constantes ataques. Fiquei a me perguntar por que três quero-queros montam guarda a um ninho chocado por um quarto quero-quero.

Todos os dias a mesma coisa. Ontem, ao passar por lá, verifiquei o ninho vazio. Um pouco mais adiante, quatro quero-queros, cada um com seu filhotinho já empenado. Cada qual com sua respectiva mãe. Aí é que passei a entender o que realmente acontecera durante esse período de incubação. Um único ninho compartilhado por quatro mamães quero-queros a revezar cada uma por seu turno. Enquanto uma chocava os ovos, as outras três montavam guarda e saíam sempre em devesa de suas crias, contra quem quer que fosse que dali se aproximasse. É a primeira vez que vejo um ninho comunitário.

Agora, nenhum quero-quero no parque. Partiram dali assim que suas crias conseguiram alçar seus primeiros voos.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 06/10/2020
Reeditado em 06/10/2020
Código do texto: T7080762
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