VOU-ME EMBORA PRO DESERTO
Vou-me embora pro deserto
lá me esvaziarei
dos vícios da civilização
de tantos e nenhum amigos
lá tem os sonhos que quero
na areia escreverei
poemas ouvidos ao vento
Vou-me embora pro deserto
aqui estou exaurida
lá existir é desafio
de tal modo aventura
dirão que enlouqueci
uma vida seca e dura
um sol a rachar sem pena
as dobraduras que já tenho
Academia a céu aberto
andarei de camelo
caminharei muitas léguas
e do alto do dromedário
tomarei banho de areia
e quando cansaço vier
espero que haja uma tenda
um estrado onde deitar-me
o pote com água fresca
igual à moringa de minha mãe
quiçá o pão assado no sol
um banho de caneca à noite
oásis utópico no deserto
No deserto pouco tem
é outro paradigma
o essencial para viver
não há gosto pelo excesso
saberei do mundo apenas
das vozes dos peregrinos
visitantes sazonais
notícias do mundo a fora
conexão pontual temporã
E quando a saudade bater
a tristeza se insinuar
quando à noite me der
vontade de espiar novela
lá tenho o céu infinito
terei a visão do luar
no mais preto noturno
adormecerei a contar estrelas
Vou-me embora pro deserto
Poema de pandemia/julho 2020
Dirce Carneiro
Vou-me embora pro deserto
lá me esvaziarei
dos vícios da civilização
de tantos e nenhum amigos
lá tem os sonhos que quero
na areia escreverei
poemas ouvidos ao vento
Vou-me embora pro deserto
aqui estou exaurida
lá existir é desafio
de tal modo aventura
dirão que enlouqueci
uma vida seca e dura
um sol a rachar sem pena
as dobraduras que já tenho
Academia a céu aberto
andarei de camelo
caminharei muitas léguas
e do alto do dromedário
tomarei banho de areia
e quando cansaço vier
espero que haja uma tenda
um estrado onde deitar-me
o pote com água fresca
igual à moringa de minha mãe
quiçá o pão assado no sol
um banho de caneca à noite
oásis utópico no deserto
No deserto pouco tem
é outro paradigma
o essencial para viver
não há gosto pelo excesso
saberei do mundo apenas
das vozes dos peregrinos
visitantes sazonais
notícias do mundo a fora
conexão pontual temporã
E quando a saudade bater
a tristeza se insinuar
quando à noite me der
vontade de espiar novela
lá tenho o céu infinito
terei a visão do luar
no mais preto noturno
adormecerei a contar estrelas
Vou-me embora pro deserto
Poema de pandemia/julho 2020
Dirce Carneiro