Correnteza

Corri a mão pela parte interna das pernas dela,

e ela sorriu preguiçosamente, de olhos fechados.

- Você sabe que eu estou quebrado por dentro, não sabe?

- Nunca gostei de estar com ninguém inteiro – Ela respondeu com um risinho.

-Tudo bem – sussurrei olhando para baixo.

- Não precisa ser tão sério... Olha pra mim. – Falou-me.

E eu parei para observar o jeito em que ela deslizava pelos lençóis da cama, como uma serpente que se livrava de uma pele velha.

- Você vem ou não? – Ela perguntou.

Me deitei ao lado dela.

Ela repousou a cabeça em cima do meu peito me e mordeu, bem no limite entre o a dor e o arrepio.

- Você precisa se levantar meu amor, quero você por cima dessa vez.

E ela me empurrou para cima e fechou novamente os olhos.

O que eu poderia fazer além de me jogar

na correnteza?

era um tipo de loucura,

mais do que qualquer coisa,

mas eu estaria ali enquanto ela estivesse.

Assim como os bares continuariam abertos

e os motéis, cheios de gente vazia.

O que eu poderia fazer?

além de seguir bebendo,

além de continuar enlouquecendo

por sempre me deixar levar...

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 05/06/2020
Código do texto: T6968453
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