Além da carne
Depois de seis semanas e dois dias, eu e Dalila resolvemos voltar a transar. Mesmo que as coisas continuassem na mesma bagunça de sempre. Bem. Tanto fazia que ela passasse o dia comigo. Ou só batesse na minha porta e se deixasse ficar por algumas horas.
Na real. Tanto fazia pra ela. Como Dalila gostava de dizer.
para mim era uma merda. Por que eu realmente não estava muito à vontade com toda aquela sobrecarga emocional e com toda a incerteza.
Mas algo tinha me impedido de ligar o foda-se e seguir com minha vida sem ela.
Nesse meio tempo, dezembro ia se arrastando e o sol é que tinha ligado o foda-se para toda a raça humana. Pelo menos pra o povo que vivia em Recife, que tinha se tornado um forno à céu aberto. E eu imaginava que era a mesma coisa lá em Olinda, por onde ela costumava a bater perna e se embriagar de axé até o dia clarear. Pra chegar na minha porta com a maior cara lisa do mundo e perguntar se eu tinha seda para o baseado dela. Mas é claro que além da seda, ela se apropriava da minha cama e de um pedaço da minha sanidade e paz de espírito também.
Qualquer dia desses eu ia manda-la pro inferno... antes que ela desaparecesse no carnaval pra ressuscitar na semana santa.
Mas não. Eu não me arrependo de nada.
Só que ainda me pergunto onde ela estaria a uma hora dessas.
Se estaria fodendo
bebendo, amando, ou pensando
se é que ela ainda pensa
em mim,
além do sexo
além da carne,