Exu come primeiro

Exu, meu pai, eu nem sempre estou com os ouvidos abertos pra as verdades que o senhor quer me dizer. E a questão é que talvez eu não esteja pronto pra ver o mundo pelos teus olhos.

Quem sou eu, meu pai, pra querer saber das coisas,

quem sou eu pra querer ter opinião... mas eu sempre abro minha boca pra falar o que eu acho, antes de abrir os meus ouvidos pra ouvir...

Talvez a verdade seja algo realmente muito pessoal, e cada qual que sabe da sua... mas eu não sei muito bem o que anda me acontecendo.

Apesar das minhas boas intenções...

De boas intenções o inferno está cheio... mesmo que eu não acredite no conceito de inferno,,,

ô meu pai. Só o senhor sabe quantas horas eu passei me peguntando o que estou fazendo com minha vida,

e se tudo isso realmente faz sentido pra mim.

Mesmo quando eu sinto sua mão me protegendo e me tirando dos buracos que eu sempre faço questão de me meter, não consigo fugir da sensação de solidão que acho que ultimamente ninguem consegue escapar.

Abre meus olhos meu pai,

mesmo que me doa. Mesmo que eu me perca, enfim.

Mesmo que minha fome me arraste

pra as sargetas

e para os bares.

Meu primeiro gole é sempre seu.

Exu come primeiro,

Exu é mojibá.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 14/09/2019
Código do texto: T6744601
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