Uma carta quase vazia

Pra ser bem sincero, preciso dizer que o teu jeito como um todo, me provoca um tipo de tesão que eu ainda não conhecia. E quando me pego pensando sobre isso, me vejo puxado pra dentro da imagem e da ideia que criei de você, de uma forma que me sinto próximo ao afogamento. Eu disse que tinha medo de me afogar em teus olhos, mas como eu posso ter medo de algo que nunca vi de perto? Você me fala das coisas da sua vida e no fundo eu sei e sinto que há algo faltando. Algo fatalmente errado, e isso tudo me põe uma sensação de gelo na boca do estômago.

Mas ao mesmo tempo você insiste em aparecer nos meus sonhos e me suga pra dentro... e eu jogo todas as minhas palavras aos seus pés, sem saber onde elas vão te tocar. Se é que isso é possível.

Preciso voltar pra sinceridade agora.

Eu estou assustado, meu bem. E eu nunca fui de ter medo de histórias como essa.

Olho para as cores das tuas fotos e elas aparecem sempre misturadas quando sonho. Só que tudo o que lembro quando acordo é de você me olhando, em preto e branco,

até que só sobra o teto do meu quarto, me encarando.

Eu queria ter entrado na tua mente como você entrou na minha.

queria ter vivido algum tipo de caso... Dividido algum segredo... Ter vivido algo mais que uma fantasia...

queria ter sentido teu cheiro,

tua pele

teu gosto

teu sexo,

pra que enfim eu pudesse

transformar o teu retrato

em poesia.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 09/09/2019
Reeditado em 09/09/2019
Código do texto: T6741289
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