Trânsitos astrológicos

O telefone vibrou de madrugada,

e o deixei de lado, sem ter vontade de olhar.

Mas ele vibrou de novo

e de novo

e eu peguei o aparelho nas mãos e olhei o que estava escrito.

- Oi - Era o que dizia a primeira mensagem.

- Você está acordado? -

- Estou sem sono -

Ela continuou

E eu pensei se deveria responder que também estava sem sono,

ou jogar o celular dentro do vaso sanitário.

Me lembrei logo em seguida que eu não tinha dinheiro pra outro celular, e que se eu respondesse, uma mensagem levaria à outra, e talvez eu voltasse ao mesmo lugar de antes, de onde me havia custado muito sair.

- Sinto sua falta - Ela disse por fim.

E eu quis lhe dizer o quanto eu também sentia

sua falta.

muito por não saber por onde ela andava,

mas ainda mais por saber que ela não andava só.

mas eu não queria falar sobre esse tipo de coisa

e preferi fechar os olhos

como se o sono fosse algo possível.

Mas enfim, o sono estava tão distante quanto ela

e eu segui acordado

encarando o teto

me perguntando quantos trânsitos astrológicos

seriam necessários

para que eu pudesse me encontrar

para que eu pudesse me perder

com alguém capaz de ficar.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 08/09/2019
Código do texto: T6739916
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