Onírica 1
Era quase como se eu pudesse sentir o gosto da pele dela, quando fechava os olhos e me deixava esquecer da realidade.
De olhos fechados eu conseguia vê-la, de costas pro mar, me olhando...
e de alguma forma eu tive mais medo de me afogar nos olhos dela do que no oceano.
Então, Débora me arrastou pela mão,
pra dentro d'água. E foi como se todas as noites de amor e sexo que eu já havia tido, estivessem acontecendo no mesmo momento.
Eu não consegui pensar mais em nada,
senão no movimento da língua dela,
dentro da minha boca,
e em tudo mais que acontecia sob a água...
Na minha cabeça, as sensações se misturavam
com as histórias que eu já havia construido ao seu redor, mesmo sem ter vivido nenhuma delas.
E eu explodi e implodi, preso pelas suas coxas, me perguntando se aquilo tudo poderia ser real.
Abri os olhos e enfim ela foi embora
me deixando pra lidar com o vazio
e a sensação estranha de só ter sonhado
e de ter sonhado sozinho.