PÁSSARO DE ESTIMAÇÃO

Eu ganhei um passarinho,

Desde cedo, sim senhor,

Ganhei-o como penhor

Da infância, com mui carinho.

Nasceu fraquinho e pelado,

Pois penas inda não tinha

Mas foi crescendo a pombinha,

Coberta por todo lado.

No começo só dormindo,

Por timidez, encolhida,

Em recato, recolhida,

Qual sem valor se sentindo.

Foi crescendo e aparecendo,

Mas sem palavras, qual muda,

Bem encorpada, transmuda,

Crescendo, fortalecendo.

E já sentindo-se adulta,

Seu par do nada aparece,

Se exibindo, resplandece,

Em paixão voraz, inculta.

Estica e recolhe as asas,

Levanta e abaixa a cabeça,

Qual pombo louco pareça,

A se queimar sobre brasas.

E agora arrulha em seu canto

No ninho, chocando os ovos,

Gerando rebentos novos,

Fruindo dos sonhos o encanto.

Por fim, as cascas rompendo,

Bruguelos vão dando as caras,

Livres das cascas, às claras

Em graça e luz vão crescendo.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 26/07/2019
Reeditado em 31/07/2019
Código do texto: T6704713
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.