Minha Primeira Trova

Hoje acordei com o olhar estendido no além, mas precisamente, na minha doce e etérea adolescência, mas precisamente no quase amadurecimento pré-mocidade onde tudo se transforma e a gente, de repente, desperta para a vida real com menos fantasia e mais pé no chão.

Para completar minha alegria, meu amigo Mr. Luft Wind, o qual costumo chamar de NE, passa pela tangente a roçar meu rosto e, de soslaio, manda o irresistível convite rumo a Onirópolis Dreamland. Não me fiz de rogado e em átimos a seguir lá eu estava, em plena paz a envolver a Terra dos Sonhos Alados.

Como de costume, rumo para a Praça da Fantasia Factual e quem eu encontro com sua Scalla de cristal a envolver os ares com uma das melhores performances de seu repertório? Maria de Jesus, a Grã-Duquesa de Onorópolis Dreamland, que se une missiva e magistralmente com a música em perfeita simbiose, num monólito de pura harmonia. Como é gostoso ouvir Luar do Sertão e Asa Branca dois clássicos do cancioneiro nordestino! Mas, para minha surpresa, sem que ela perceba que eu me aproximo, executa com mavioso talento minha primeira composição, uma releitura impecável de "MAS, QUE IDEIA!". Fico ali por trás para não atrapalhar sua inspiração e ao termino, explodo em palmar e gritos de "Bravo".

Dali, a um passo, está o Marquesado das Terras dos Cocais, onde a Marquesa Aíla cultiva jardins de diversificadas flores poéticas que trescalam um boquer de fragrâncias liricas a encher os olhos e o espírito de quem as contemplam.

Não muito longe, percorro o passeio público que orla do Baronato dos Sonhos Alados e o Marquesado da Infância e Juventude, comandados pela batuta das gêmeas univitelinas Lady Ravena e Barbie Face que cultiva belas e criativas flores de pétalas ludicas e musicais.

Um pouco mais adiante, contiguo a este, está o Ducato da Poesia e do Lirismo, magistralmente tocado por  Lady Esther C. Lessa. Um misto de candor e brilho emana desse campo preenchido pela meiga voz de soprano lírico de sua duquesa.

Mais ali, na orla marítima, uma doce brisa nos traz o aroma e encanto do Ducato da Praia Seca. Praia seca só no nome, alerta a Duquesa,  Lady Ethiel Avlis, com seu contagiante sorriso estampado em seus lábios. Alí ela cultiva diversas flores, entre elas, o olente Canzoneto.

Por fim, no anfiteatro da Praça Central do Coreto, o Barão Fábio B. Caldeira, dirige a palestra,  A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES INTERPOÉTICAS, incentvando a visitação e cultivo da amizade incondicional entre os amantes e produtores de letras.

Após um gostoso bate-papo multi temático, vou ao Lago das Memórias Construtivas. De lá, vejo a projeção de quando morávamos na Rua de Vidéo, número 300, Barbalha - CE, maio de 1966. É o exato momento em que meu cunhado Edmílson me traz emprestado um violão preto, bem conservado para me ajudar no aprendizado de música. Tarefa bem difícil, pois ninguém antes em minha família havia tentando aprender qualquer instrumento. Eu já tocava gaita de boca e flauta doce e tinha a esperança de também aprender a tocar esse novo instrumento.

Minha mãe me deu uma capa de caque que serviu como uma luva para o meu mais novo amigo, o violão. Ali mesmo, peguei um caderno e caneta e compus minha primeira trova.

Eu sei, não sabe ninguém,

Porque visto o violão.

É que as curvas tem

Me lembra um bom Peixão.

De posse de um artesanal método de violão sem mestre fiz um treinamento de duas horas diárias até chegar aos noventa dias sem muito progresso nessa minha empreitada. Triste, peguei o violão e dirigi-me, como de costume, para o fundo do quintal para pela última vez dar o toque de despedida. Ao atravessar a porta do quintal, cruzo com meu pai que vocifera comigo:

_ Deixa de besteira, meu filho! Você nunca vai aprender a tocar isso aí! Isso é dom de família. Vem de berço e nunca ninguém em nossa família foi músico e você não será o primeiro.

Então, peguei o gancho no que ele falou e disse: _ Pois vou-lhe provar que eu serei o primeiro. _ Naquele momento desisti de desistir e mergulhei com todo o gás e, pasmem, em menos de duas semanas havia criado a minha primeira música, a qual Maria de Jesus tocara há pouco na outra praça de Onirópolis. E assim, embalado nessas lembranças, NNE, vento primo-irmão de Luft NE, me traz de volta ao meu lar.

Hoje louvo a Deus por meu pai, sem perceber, ter-me incentivado a não desistir. Não só aprendi a tocar, como influenciei minha geração e sua descendência a se apaixonar pela música e se tornarem excelentes instrumentistas e brilhantes compositores.

Nunca desista dos seus sonhos! Eles podem, sim, se tornar realidade.

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Bem-vinda interação!

21/07/2019 22:09 - Marli Caldeira Melris

O violão e eu

Juntos caminhamos

Pela estrada afora

Velhos de guerra

Quanta serenata

Quanta melodia

Quantas vezes te peguei no colo

Ó minha viola

Vós me tirastes da solidão

Ouvindo-me sem cessar

E eu te prezo

És tão valiosa

Guardo-te com amor

Afinal Somos velhos de guerra

Que juntos caminhamos

Pela estrada afora

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*Melris* 21/07/19

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Belíssimas trovas em interação, Mestra!

Muito obrigado!

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 19/07/2019
Reeditado em 25/07/2019
Código do texto: T6699677
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